
O dia 13 de agosto, data de falecimento de Miguel Arraes e Eduardo Campos, desperta saudade, gratidão e reflexão sobre a trajetória de dois homens públicos que contribuíram com a democracia brasileira, cada um a seu tempo, e fizeram tanto pelo seu povo, especialmente os mais humildes.
Miguel Arraes de Alencar e Eduardo Campos, falecidos em 2005 e 2014, respectivamente, presidiram o PSB e deixaram um legado de defesa dos ideais progressistas, das causas populares e da democracia.
Grandes líderes políticos, eles fazem falta, sobretudo no pior momento da história que o país vive, sob um governo que destrói direitos conquistados ao longo de décadas, dilapida patrimônios públicos, queima florestas, corrói a democracia e nega a ciência em meio a uma pandemia de covid-19 que já matou quase 600 mil brasileiros.
“Em um momento tão difícil do país, mais do que nunca, o legado desses dois socialistas é inspirador e nos encoraja a enfrentar a luta diária contra os retrocessos, a perda de direitos, o conservadorismo, buscar tempos melhores para os brasileiros”, afirma o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Presidentes nacionais do PSB, Arraes e Campos entraram para a história como exemplos de líderes políticos que contribuíram com a defesa da cidadania, com o combate à desigualdade social e as injustiças, e com a ideia de um desenvolvimento nacional para o país. São dois exemplos de homens públicos que amaram o povo, que consideravam a dignidade deste como uma condição inegociável para a consolidação da democracia e o desenvolvimento do país.
“Miguel Arraes estava sempre pensando no futuro, no desenvolvimento do povo e na soberania nacional. Ele tinha outra dimensão. Era o homem do diálogo. Sabia conviver com as diferenças. Ele deve nos inspirar não apenas com as palavras, mas em nossos atos”, recorda Siqueira.
Prefeito, deputado estadual e federal, três vezes governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Arraes dedicou a maior parte de sua vida para mudar a realidade do povo mais sofrido de Pernambuco e defender a democracia no Brasil, justamente o oposto do que representa o presidente Jair Bolsonaro e seu projeto fundamentalista de extrema-direita. Arraes mantinha um vínculo raro com o povo humilde do sertão, um ambiente marcado pela injustiça e pela miséria.
Em seus dois mandatos como governador de Pernambuco, Eduardo Campos firmou compromisso inafastável com a população que mais precisava de Estado e de políticas públicas de combate à pobreza, à desigualdade e de geração de emprego e renda. E o seu desempenho foi aprovado pela maioria da população.
Liderança nacional que prometia um rumo diferente para o país, Campos foi um político vigoroso no parlamento e no executivo, soube combinar a defesa das bandeiras históricas com ações transformadoras no governo. Inovou em sua atuação política sem nunca ter desonrado o passado de luta dos socialistas em favor do povo mais humilde.
“Homem de concepções democráticas claras, que nascem de dentro e não de um frágil verniz eleitoral, ou artimanha retórica, Eduardo investiu persistentemente na construção de um modelo de gestão que se caracterizava pela coerência das distintas políticas públicas, prioridades claríssimas para a educação, ciência e tecnologia, saúde pública, segurança; atenção às questões de gênero, raça, cultura popular”, pontua Siqueira.
“Brasil precisa de muitos outros Miguel de Arraes”
Nascido em Araripe (CE), filho de um pequeno comerciante e produtor agrícola e de uma dona de casa, Arraes teve a vida pública marcada pelo compromisso com a redução das desigualdades sociais, a melhora das condições de vida no campo, a educação de qualidade e a luta em defesa da democracia brasileira.
Formado em direito, foi deputado estadual e federal, prefeito do Recife e governador de Pernambuco por três mandatos.
Em sua trajetória política, Arraes sempre manteve o compromisso com os mais pobres, marcou suas gestões com ações inovadoras e corajosas, com forte ênfase social, e deixou uma marca pessoal de resistência nas mais duras condições, como diante do regime militar, por exemplo.
Primeiro como prefeito do Recife, implantou o Movimento de Cultura Popular em Pernambuco, entre os anos de 1960 e 1961, e depois ampliou as ações do MCP, já como governador de Pernambuco, entre 1963 e 1964. Pelo movimento, milhares de crianças e adultos pobres foram alfabetizados em praças, núcleos de cultura e escolas.
Arraes obrigou usineiros e donos de engenho da Zona da Mata do Estado a estenderem o pagamento do salário mínimo aos trabalhadores rurais (o que se chamou de Acordo do Campo) e deu forte apoio à criação de sindicatos, associações comunitárias e às ligas camponesas.
No dia 1º de abril de 1964, quando governava Pernambuco pela primeira vez, foi deposto pela ditadura militar por se negar a renunciar. Preso por quase um ano em quartéis do Recife de da Ilha de Fernando de Noranha, deixou o país e se exilou na Argélia, onde permaneceu por 14 anos.
Com a Lei da Anistia em 1979, Arraes voltou ao país em 15 de setembro daquele ano. Um grande ato, com a presença de milhares de pessoas, foi realizado em Recife para receber o líder político.
Em 1982, foi eleito deputado federal; em 1986, chegou pela segunda vez ao governo de Pernambuco.
Em 1990, já filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), se elegeu, novamente, deputado federal, desta vez com a maior votação proporcional do país.
Arraes morreu aos 88 anos, no dia 13 de agosto de 2005, no exercício do seu mandato no Congresso Nacional. E deixou com um de seus grandes ensinamentos de vida a confiança no papel que o povo deve cumprir na história, não como coadjuvante, mas como ator principal das mudanças.
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O legado de Eduardo Campos
Natural de Recife, Eduardo Campos firmou compromisso inafastável com a população que mais precisava do Estado e de políticas públicas de combate à pobreza, à desigualdade e de geração de emprego e renda, nos dois mandatos que exerceu como governador de Pernambuco.
Em seu primeiro mandato no Estado, criou programas sociais como o Pacto pela Vida, que promoveu queda de 39% no índice de homicídios no Estado ― referência até hoje nesta área; o programa Mãe Coruja Pernambucana, que tinha por meta reduzir a taxa de mortalidade infantil, e que foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e posteriormente laureado como Prêmio Interamericano da Inovação para a Gestão Pública Efetiva.
Na economia, Pernambuco alcançou índices de crescimento superiores à média nacional, em parte atingidos pelo uso de políticas incentivos fiscais, que procuraram atrair para o Estado investidores nacionais e internacionais.
No segundo mandato, programas como o Todos por Pernambuco ― que ouvia a população para ajudar na definição das ações prioritárias de governo ― e Chapéu de Palha Mulher ― que previa assistência à mulher trabalhadora rural, assegurando capacitação para o mercado de trabalho e apoio governamental no período de entressafra ― lograram reconhecimento internacional, ao obterem o Prêmio de Serviço Público das Nações Unidas (UNPSA).
A Educação pública de qualidade foi seguramente a contribuição política mais relevante de Eduardo ao Brasil. Em sua administração os investimentos na área saíram de R$ 1,6 bilhão (2006) para alcançar R$ 4 bilhões (2013), ano no qual o ensino médio do Estado já era o 4° melhor colocado do Ideb. A evasão, por sua vez, caiu para 3,5% ― menor taxa do País.
A Educação Integral em Pernambuco tornou-se Política Pública de Estado em 2008 e hoje conta a maior rede de educação em tempo integral do Brasil. Pernambuco também lidera no critério de horas/aula, com média de 5,6h por dia, ao passo que o padrão brasileiro fica em 4,7h.
Não por acaso, segundo pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o instituto Ibope (25/07/13), o governo de Eduardo Campos (PSB), em Pernambuco, foi avaliado como ótimo ou bom por 58% dos pernambucanos. A maneira de governar de Eduardo Campos (PSB), Pernambuco, por sua vez, foi aprovada por 76% dos eleitores e 68% da população dizia confiar no governador. Entre os 11 Estados pesquisados, Eduardo foi o governador mais popular, sendo que as melhores áreas de sua gestão eram capacitação profissional, educação e geração de empregos.
Indicado em 2003 como ministro de Ciência e Tecnologia, reelaborou o planejamento estratégico da pasta, e reorientou os programas espacial e nuclear brasileiros. Em 2004, Eduardo conseguiu aprovar a Lei de Inovação Tecnológica, cujo principal objetivo era incentivar e efetivar a parceria entre empresas, universidades e instituições de pesquisa e promover o aumento de investimentos em ciência e tecnologia por parte da iniciativa privada. Militou, também, pela aprovação da Lei de Biossegurança (2005), que regulamentou a produção de transgênicos no país e autorizou a pesquisa científica com células-tronco.
Assessoria de Comunicação/PSB nacional