
O deputado federal Marcelo Freixo (RJ) anunciou nesta sexta-feira (11) sua saída da PSOL rumo ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). O objetivo é construir uma ampla frente democrática capaz de derrotar o bolsonarismo nas eleições do próximo ano – no Rio de Janeiro e no Brasil. Para Freixo, o PSB é o partido capaz de construir as bases necessárias para concretizar o plano, que é muito maior que um projeto político. “Essa disputa é entre a civilização e a barbárie”, enfatiza.
Freixo avalia que uma possível reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) significaria o fim da democracia no país. E, que o erro cometido em 2018, de não acreditar que sua eleição pudesse ser concretizada, não pode ser repetido.
“A reeleição de Bolsonaro significa rasgar a Constituição de 1988. É uma ameaça às nossas vidas e às gerações futuras. A reeleição de Bolsonaro é uma ameaça à democracia brasileira. Bolsonaro é um ditador que tem vínculos com o que há de pior na herança da ditadura militar”, afirma.
Origens ditatoriais
Freixo alerta que Bolsonaro levou para dentro do seu gabinete setores do militarismo que tentaram impedir que ditadura fosse superada pelo processo democrático, como o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), com ligações com os torturadores major Curió e coronel Brilhante Ustra. Este último responsável pelas torturas sofridas pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
A história recente da família Bolsonaro reforça mais essa defesa de Freixo, que lembra o envolvimento do clã com a milícia. “A sua relação com (Fabrício) Queiroz, com Adriano da Nobrega, matador ligado ao escritório do crime, às milicias. Eles condecoraram um matador. Agora eles estimulam as polícias a descumprir à constituição, criando um caldo de cultura de ameaça às instituições”, recorda.
“Não é à toa que ele vem do Rio de Janeiro. Bolsonaro representa um projeto de sociedade miliciana, baseada em armas, na violência, no racismo, no autoritarismo, no machismo, no domínio de território”, alerta. Sem contar a defesa de Bolsonaro para a legalização das milícias, em 2008, mesmo ano em que Freixo presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias, no Rio, e que culminou com a prisão de diversos milicianos.
Rio de Janeiro em guerra
Freixo reforça a necessidade de um projeto de desenvolvimento que tire o Rio de Janeiro das mãos dos criminosos e que acabe com o risco do caos que dominou o estado se tornar irreversível. “Hoje o crime governa o Rio de Janeiro. Todos os ex-governadores que foram presos estão juntos no mesmo governo, que é exatamente a base de Bolsonaro. Então, todas as nossas ações precisam ser compatíveis com o enorme desafio que temos pela frente”, disse.
Para isso, ele defende a criação de um projeto de sociedade que tenha possibilidade de desenvolvimento e segurança. “Que reúna as melhores pessoas, todos que defendem a vida e que amam o estado para construir um espaço de democracia”, define. O que está em plena sintonia com o que defende o PSB, que entre outras coisas, acredita ser necessário um plano nacional de desenvolvimento para o Brasil, como prevê a Autorreforma do partido.
Além disso, a concretização desse projeto também passas pelo diálogo com importantes instituições, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mantidas por Freixo e que são alvos constantes dos ataques do bolsonarismo. Para ele, é preciso contar com os melhores quadros para realmente construir o desenvolvimento necessário do Rio e do país.
PSB foi escolhido por construir pontes democráticas
Marcelo Freixo explica que o PSB tem todas as credenciais para fazer a ponte capaz de unir os diversos setores políticos – progressistas e de centro -, em prol da luta contra a barbárie.
“O PSB tem uma tradição de luta muito grande, que vem do (Miguel) Arraes (PE), de um PSB muito forte no Nordeste. Todas as minhas conversas são para uma reestruturação do partido, que vai passar por um congresso de realimento para o enfrentamento ao Bolsonaro. E, eu vou chamar muita gente pra isso e vamos realinhar um caminho progressista, um caminho de esquerda pelo Brasil afora”, adianta.
Como exemplo da luta pela democracia, ele cita, sua aproximação com o governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), que deve se filiar junto com Freixo ao PSB nos próximos dias. Além de elogiar o trabalho do líder da Oposição, o deputado socialista Alessandro Molon (PSB-RJ), tido por ele como liderança do Rio e do país.
“No final do mês, a gente tá se filiando ao PSB com um programa que dialogue com o Brasil vítima do fascismo, da barbárie, da violência. Vítima da tão grave situação que a gente tá vivendo hoje”, pontua.
Freixo defende trabalho político de base
Freixo defende ainda a necessidade de retomar o trabalho político de base junto à toda a população em torno da urgente necessidade da defesa da democracia. Porque os acordos políticos não devem ser restritos às lideranças partidárias, mas serem construídas com a população, afirma.
Sobre os encontros com o ex-presidente Lula (PT), um nessa quinta-feira (10) e mais dois que acontecerão no sábado (12), o parlamentar afirma que fazem parte das costuras dessa frente ampla. “Esse movimento de ida para o PSB é para ter PSOL, PT, PCdoB, Rede e o centro. E dialogar com todos aqueles que não querem Bolsonaro. A gente uma chance concreta de ir para o segundo turno”, defende.
“A decisão de ir para o PSB foi muito amadurecida com as forças progressistas, inclusive com PT, PCdoB, Rede e PSOL. É preciso uma grande aliança para derrotar Bolsonaro. Estou aberto ao diálogo sobre o Rio de Janeiro e sobre o Brasil”, reforça. Embora Freixo seja pré-candidato do governo do Rio em 2022, ele deixa claro que caso surja um nome mais forte que represente a frente política em prol da democracia, ele abrirá mão da disputa.
Passos importantes, decisões difíceis
Freixo afirmou ainda sobre a difícil decisão de deixar o Psol, partido em que permaneceu durante 16 anos. Destacou a importância das lutas e vitórias conquistadas, e das relações políticas e pessoais construídas ao longo dos anos.
Embora repleta de dor, nas palavras dele, sua saída do partido de nenhuma forma o distancia dos ideais democráticos que o uniu ao partido, ao qual ele pretende trazer junto na nova caminhada.