Kellyanne Conway, assessora do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e conhecida por promover polêmicas e travar embates com a imprensa, anunciou que deixará o cargo no final deste mês para se dedicar mais à família.
Conway, de 53 anos, acompanhou Trump desde o início de sua carreira política. Ela foi diretora da campanha eleitoral de 2016, que projetou o magnata do setor imobiliário e celebridade de reality show ao cargo mais poderoso do mundo.
“Fatos alternativos”
Mas os últimos quatro anos de lealdade singular a Trump, que incluíram defendê-lo na televisão e protagonizar trocas de farpas informais com a imprensa, deixaram um rastro em Conway, um dos principais escudos políticos do presidente e que cunhou a expressão “fatos alternativos”.
Embora ela tenha se tornado uma das defensoras mais ferozes de Trump, seu marido George Conway, um proeminente advogado de Washington, é um crítico veemente do presidente, inclusive questionando repetidamente e de forma pública sua aptidão mental para o cargo.
“Estarei fazendo a transição da Casa Branca no final deste mês”, disse Conway em comunicado divulgado no domingo (23). “George também está fazendo mudanças. Discordamos sobre muitas coisas, mas estamos unidos no que é mais importante: as crianças.”
Conway disse que seus quatro filhos estão começando o ano letivo de forma remota e, “como milhões de pais em todo o país sabem, as crianças ‘estudando em casa’ requerem um nível de atenção e vigilância um tanto quanto incomum nesses dias”. “Por enquanto, e para meus filhos amados, será menos drama e mais mamãe.”
Dramas familiares
O anúncio de Conway ocorreu um dia depois de sua filha de 15 anos, Claudia, escrever no Twitter que estava “devastada” que sua mãe iria discursar na convenção nacional do Partido Republicano, que ocorre até 27 de agosto. A adolescente disse ainda que iria buscar a emancipação legal “devido a anos de trauma e abuso infantil“.
Separadamente, George Conway disse que se afastará do Projeto Lincoln, um grupo de republicanos anti-Trump que ele ajudou a fundar, e que fará uma pausa do Twitter, onde costumava publicar mensagens de ataque ao presidente americano. A antipatia era mútua: Trump o chamava de “marido do inferno”.
Além da famosa expressão “fatos alternativos” – dita poucos dias após Trump assumir a presidência, numa tentativa de defender a desmentida alegação da Casa Branca de que a multidão na posse de Trump era maior do que a de Obama –, Conway também é lembrada por ter mencionado em 2017 um ataque terrorista inexistente, quando citou “o massacre de Bowling Green”, para defender a política anti-imigração de Trump.
“Kellywise”
Ao longo dos últimos quatro anos, ela ficou famosa por brigar com a imprensa, muitas vezes encontrando uma maneira de mudar o assunto, voltar a pergunta ao repórter ou simplesmente reclamar da atuação da mídia.
Seu trabalho a levou a ser retratada no programa americano de comédia Saturday Night Live como “Kellywise”, uma paródia do palhaço assassino do romance e filme de terror It – A coisa.
Advogada e pesquisadora por formação, Conway conseguiu manter seu papel na Casa Branca em meio a trocas constantes de outros assessores, que eram forçados a deixar o cargo ou que pediam demissão.
Em seu comunicado, Conway descreveu seu tempo no governo americano como “inebriante” e “uma lição de humildade”, e afirmou que foi sua própria decisão deixar o cargo. “Esta é completamente minha escolha e minha voz. Em tempo, vou anunciar planos futuros.”
Com informações da Deutsche Welle Brasil