O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) deve passar a operar o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) no Sudeste – região que concentra a maior produção audiovisual do país – , no Centro-Oeste e no Sul da Bahia. A notícia tem criado expectativas no setor audiovisual de Minas Gerais desde o início deste mês, quando o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e o governador Romeu Zema (Novo) assinaram um protocolo de intenção em um evento na cidade de Ouro Preto.
Ainda não há previsão de quando o plano será formalizado, mas as diretrizes para a assinatura do acordo, segundo o presidente do BDMG, Sérgio Gusmão Sucholdoski, estão sendo debatidas em reuniões técnicas com a equipe da Agência Nacional do Cinema (Ancine). Na página oficial da agência de fomento não há registro dos encontros.
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Segundo O Tempo, Sucholdoski disse que há conversas encaminhadas para definir a linha de atuação do banco. Ele também adiantou que o banco já está desenhando as ferramentas adequadas para ampliar o acesso dos mineiros aos recursos e impulsionar a produção cultural e a economia criativa no estado.
O banco no fomento
Sucholdoski ressalta que o BDMG já atua na promoção e no fomento ao audiovisual mineiro, mas o que está por vir é algo sem precedentes na história do Estado: “Nossa entrada vai nos colocar como agentes centrais”, disse.
Atualmente, a gestão financeira do FSA é feita exclusivamente pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) juntamente com a Ancine via Ministério do Turismo. O orçamento do Fundo Setorial do Audiovisual em 2021 deve girar em torno de R$ 1 bilhão. Estima-se que o BDMG, provável novo agente financeiro do fundo, gerencie 70% desse valor.
Esse orçamento deve começar a ser executado ainda no primeiro semestre do ano que vem e será repassado a projetos audiovisuais por meio de editais. Ainda não se sabe exatamente o que fica para Minas Gerais, mas o Sudeste vai concentrar a maioria dos recursos.
Audiovisual em crise
No dia 21 de setembro, a Câmara dos Deputados discutiu a situação do audiovisual brasileiro e da Ancine, que amargam uma crise financeira e de gestão nacional, desencadeada em 2019. Atualmente, estão paralisados no FSA recursos estimados em R$ 724 milhões. São valores que deveriam ter sido repassados pelo governo federal a mais de 800 projetos já selecionados para contratação imediata desde 2018.
“Mais de 700 projetos de filmes paralisados e a Ancine mantendo esses recursos em suas mãos para prejudicar o cinema brasileiro um dos mais dinâmicos setores da economia criativa em nosso país. Isso demonstra o descompromisso do governo com a cultura brasileira”, criticou a deputada Lídice da Mata, na ocasião do debate realizado pela Câmara.