Criticado por falta de ação contra arroubos de Bolsonaro, o Procurador-geral da República mudou de tom sobre pandemia

Recebendo críticas do Ministério Público Federal (MPF), o procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, tenta se equilibrar entre agradar o governo Bolsonaro e responder à demandas para não ser acusado de omissão.
Nessa segunda-feira (20), Aras pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito para investigar as manifestações do domingo que pediram a volta do AI-5 e intervenção militar. A ação foi aceita pelo ministro Alexandre Moraes.
Porém, o inquérito deixa de fora a participação de Bolsonaro nas manifestações. Para uma ala de procuradores, esse gesto poderia levar o presidente a responder por agir contra políticas de saúde.
Aras, no entanto, já foi questionado sobre esse tema quando Bolsonaro participou de outras manifestações durante a pandemia e argumentou que o presidente estava apenas exercendo sua liberdade de expressão.
Integrantes do MPF avaliam que Aras agiu no limite de sua atribuição para também não ser acusado de omissão após sofrer pressão de ministros.
A mudança de tom para agradar os dois lados tem sido frequente na postura do PGR. No dia 13, Aras enviou ao ministro do STF, Luís Roberto Barroso, parecer sugerindo que a decisão sobre a quarentena deveria ser tomada pela União.
Dois dias depois e mediante a forte reação interna, o procurador-geral voltou atrás e defendeu a competência de prefeitos e governadores para decretar a quarentena.
Com informações da Folha de S. Paulo.