Os maiores blocos parlamentares na Câmara dos Deputados não têm semelhança com as antigas coligações ou as atuais federações. Eles são organizados a partir dos interesses dos deputados na definição de presidências de comissões permanentes, na distribuição de cargos em comissões, relatorias de projetos de lei mais relevantes e também nas mal faladas emendas parlamentares. Não têm, portanto, grandes marcas políticas e ideológicas. No máximo, alinham-se por fios muito tênues e confusos entre oposição e governo. Os dois maiores blocos da Câmara são integrados por partidos que têm ministérios no Governo Lula, mas se dizem independentes. Na verdade, eles não são exatamente independentes, mas têm dentre os seus parlamentares alguns que se declaram bolsonaristas. E por isso negam que estão na base de apoio ao Governo, embora estejam. O maior desses blocos é formado pelo PP, União Brasil, PSDB, PDT e outros. É nesse bloco, que tem entre seus parlamentares o deputado Arthur Lira, presidente da Câmara, que a bancada do PSB se encontrava. O segundo maior bloco é formado pelo PSD, MDB, Podemos, entre outros.
O terceiro bloco tem a sua composição formada pela Federação do PT com o PCdoB e PV. O PSOL e a Rede também reproduzem a federação que formaram no parlamento. A saída do PSB do bloco nada tem de pessoal contra Arthur Lira. Muito menos corresponde a qualquer influência do governo ou do PT sobre nossa bancada. A liderança do Governo só tomou conhecimento depois da decisão tomada e informada ao presidente da Casa. Foi um movimento de total e absoluta responsabilidade da maioria dos deputados que não se sentiam à vontade num bloco com partidos tão distantes de nossos ideais. E com um método de liderança absolutamente diferente da liderança democrática a que estamos habituados no nosso próprio partido. Tanto que quando nosso líder Gervásio Maia foi ao presidente da Câmara informar da intenção de nossa bancada, foi recebido com extrema irritação e indelicadeza. Como se a bancada estivesse se insubordinando. Ora, a subordinação é um tipo de relação que os deputados socialistas não podem aceitar de ninguém. Muito menos aceitar as ameaças do deputado Elmar Nascimento, que entre outras coisas aventou a hipótese de retirar o apoio do União a candidaturas municipais do PSB em capitais. Demonstrou com isso que o bloco não seria apenas parlamentar conforme o entendimento inicial, mas político e até eleitoral. E novamente com a visão de subordinação, própria da direita, mas não das forças democráticas. É importante que nossa militância acompanhe os movimentos e os trabalhos dos parlamentares socialistas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. E nesse momento apoie firmemente a posição de independência e altivez de nossos deputados, como já fazem a Direção Nacional e o presidente Carlos Siqueira. Acho também que seja qual for a decisão da Bancada Federal de integrar outro bloco ou permanecer independente, ela vai poder continuar a desenvolver um excelente trabalho no parlamento brasileiro em defesa do Programa do PSB, do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin e do nosso ministro Márcio França. Nesse sentido, temos que continuar a luta por uma revolução criativa na educação, por uma nova indústria baseada em inovação e tecnologia, pelo empreendedorismo inclusivo das pequenas e microempresas e pela economia criativa como estratégia de desenvolvimento. Temos o melhor programa nascido da maior experiência democrática partidária que foi a Autorreforma. Temos uma excelente bancada de deputados e senadores e temos prefeitos e vereadores de cidades cada vez mais criativas.
Domingos Leonelli
Secretário Nacional de Formação Política do PSB