O líder da Minoria na Câmara, deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para incluir no inquérito dos atos antidemocráticos, sob responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, a incitação ao motim policial feita pela deputada Bia Kicis (PSL-DF).
Bia Kicis defendeu motim da PM da Bahia
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal, Bia Kicis afirmou que o soldado Wesley Soares Góes, morto após ser neutralizado por atirar contra o Bope, “morreu porque se recusou a prender trabalhadores” e incitou o ódio contra o governador da Bahia, Rui Costa (PT). “Disse não às ordens ilegais do governador Rui Costa da Bahia. Esse soldado é um herói. Agora a PM da Bahia parou”, disparou pelas redes sociais e depois apagou postagem.
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Para Freixo, a parlamentar está estimulando o uso da violência para atacar a Constituição e a ordem democrática, o mesmo crime cometido por Daniel Silveira, preso a mando justamente de Moraes.
Analistas veem politização do caso
Ao jornal O Globo, José Vicente Tavares, professor de sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, definiu o enaltecimento do policial morto, feito pela deputada peselista e outros bolsonaristas, como “milicianismo”:
“É o incentivo de ações ilegais da polícia, a ideia de reforçar uma política de confronto que não respeita as regras da democracia. Incitar um motim é instrumentalizar setores da sociedade para fins políticos. As forças democráticas precisam agir para mostrar essa tentativa de destruir as regras do jogo.”
José Vicente Tavares, Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Essa não é a primeira vez que a politização das polícias ganhou eco na direita radical, principalmente entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em fevereiro de 2020, bolsonaristas apoiaram um motim de parte da Polícia Militar no Ceará.
Para Felippe Angeli, coordenador de advocacia do Instituto Sou da Paz, a politização crescente das polícias coloca em risco a democracia. “A gente fica preocupado com essa extrema politização porque o presidente foi o primeiro a falar em uso de armas de fogo contra decretos na pandemia”, disse ao jornal.
Com informações do jornal O Globo