
Nesta segunda-feira (7), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que está “conversando com lideranças do Parlamento” sobre a possibilidade de implementar o voto impresso nas próximas eleições, em 2022. A informação, divulgada pelo Uol, é que o mandatário vem usando como argumento a ideia de que o sistema eletrônico seria suscetível a fraudes. Sem apresentar quaisquer provas, o governante voltou a defender a necessidade da comprovação em papel, supostamente por um desejo do “povo”.
“Já estou conversando com lideranças no Parlamento. Quem decide o voto impresso somos nós, o Executivo, e o Parlamento. Ponto final. E, acima de nós, o povo, que quer o voto impresso”, declarou na saída do Palácio da Alvorada.
O ex-capitão do Exército já havia sinalizado que faria da defesa do voto impresso uma bandeira do governo. Até então, o tema era abordado de maneira aleatória pelo presidente, sem indícios de que se tornaria uma demanda concreta.
Eleito 6 vezes com urna eletrônica
A urna eletrônica passou a ser usada no Brasil em 1996. Desde então, Bolsonaro foi eleito por esse método seis vezes: como deputado federal, em 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014, e como presidente, em 2018.
Os três filhos políticos do presidente, Carlos, Flávio e Eduardo, também foram escolhidos em eleições via urna eletrônica. Não há nenhuma evidência de que o método eletrônico seja suscetível a fraudes. As urnas são independentes e não ficam integradas em rede, o que, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), evita qualquer possibilidade de hackeamento.
Movimento em defesa do voto impresso
O assunto vem ganhando força entre os apoiadores do presidente nas redes sociais e também entre deputados aliados ao mandatário. No último domingo (6), manifestantes se reuniram na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para pedir o voto impresso.
Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) também foi apresentada pela a deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF). A matéria, que já tramita no Parlamento, estima que a impressão de um comprovante após a efetivação do voto na urna eletrônica custaria aos cofres públicos cerca de R$ 2,5 bilhões ao longo de dez anos.
‘Tem gente que acha que Trump venceu nos EUA’
Em setembro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) avaliou o assunto e decidiu pela inconstitucionalidade do voto impresso. O tema também tem sido repudiado pelo presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, que deu declarações públicas de confiança no sistema eletrônico.
O ministro disse não ter controle sobre o “imaginário” das pessoas. “Tem gente que acha que a Terra é plana. Tem gente que acha que o homem não foi à Lua. Tem gente que acha que Trump venceu as eleições nos Estados Unidos”, disse Barroso no último dia 29, numa referência indireta aos bolsonaristas, que não aceitaram até hoje a vitória de Joe Biden sobre Donald Trump na disputa pela Casa Branca.
Horas antes da fala de Barroso, Bolsonaro – que era entusiasta da campanha de Trump – havia endossado a tese de que a eleição nos Estados Unidos teria sido fraudulenta. “Tenho minhas fontes [que dizem] que realmente teve muita fraude lá. Isso ninguém discute. Se foi suficiente para definir um ou outro, eu não sei”.
Com informações do Uol