O deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), ex-ministro da Saúde de Michel Temer, irá assumir a liderança do governo na Câmara
Consolidando sua aliança com o Centrão, o presidente Jair Bolsonaro decidiu trocar o líder do governo na Câmara por um integrante do bloco. O deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), ex-ministro da Saúde de Michel Temer e que ocupou o mesmo posto no governo de Fernando Henrique Cardoso, irá substituir o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO).
A substituição já estava sendo comentada internamente desde a derrota do governo nas votações da Câmara para o novo Fundeb. Recentemente, ainda houve foi a derrubada de quatro vetos feitos por Bolsonaro a projetos aprovados pelos parlamentares. Entre eles, o projeto que ampliou a isenção de impostos para a indústria cinematográfica e outro que abriu crédito a produtores rurais.
A indicação de Barros para o posto na Câmara foi patrocinada pelo líder do Progressistas, Arthur Lira (AL), que já atuava nos bastidores na defesa dos interesses do governo na Casa.
O cargo é importante para manter a ponte entre o Palácio do Planalto e os parlamentares. É o líder, por exemplo, quem orienta a base aliada durante as votações, dizendo se o governo apoia ou rejeita os projetos em discussão.
Velha política
Acumulando pedidos de impeachment, Bolsonaro mudou seu discurso crítico a “velha política” e passou a distribuir cargos para indicados do Centrão, ressuscitando o “toma lá, dá cá”, uma prática condenada por ele durante o período eleitoral.
No entanto, apesar da entrega de cargos para os partidos do Centrão – formado ainda por PL, Republicanos, PSD, PTB e Solidariedade -, o governo continua enfrentando dificuldades para garantir votos e aprovar seus projetos de interesse no Congresso.
A esperança de mudar esse cenário foi entregue nas mãos de Barros, apresentado a Bolsonaro como um “profissional da liderança” e como uma solução para mitigar os problemas de relacionamento com os parlamentares na Câmara.
“Não tinha interesse em criar base”
Ao comentar sobre a substituição ao Estadão, Vitor Hugo afirma que decisão do governo representa um novo momento:
“O presidente fez uma nova avaliação de cenário em função dos novos desafios que vão ser colocados agora, como as reformas que terão que ser aprovadas, e ele decidiu fazer a mudança”, disse.
O ex-líder do governo também comentou sobre as dificuldades que encontrou enquanto ocupava o cargo e chegou a afirmar que, no início de sua gestão, Bolsonaro não tinha interesse em criar uma base na Câmara.
“Naquela altura, muito diferente do que é hoje, havia um movimento de ruptura. Foi uma construção muito difícil, muito desafiadora para mim. Não apenas por ser um deputado de primeiro mandato, mas por ser um cenário em que os líderes de muitos partidos não queriam se aproximar do governo e também não havia por parte do governo interesse em criar uma base naquele momento”, disse Vitor Hugo.
Com informações do Estadão