
Jair Bolsonaro concretizou as ameaças proferidas em sua tradicional live semanal e eliminou mais um “inimigo” de seu governo na noite desta sexta-feira (19): o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. Indicado pelo próprio presidente após as eleições de 2018, Castello Branco deverá ser substituído pelo general Joaquim Silva e Luna, atual diretor da Itaipu Binacional.
Insatisfeito com o sucessivo aumento no preço dos combustíveis apenas em 2021 – na quinta-feira, a Petrobras divulgou o quarto aumento sucessivo em dois meses, alta que passou a vigorar nesta sexta –, Bolsonaro já havia anunciado a intenção na troca do comando.
Em discursos contraditórios, como de praxe, o ex-capitão do Exército havia dito que não iria interferir na companhia, mas que alguma coisa iria mudar.
“Nesses dois meses nós vamos estudar uma maneira definitiva de buscar zerar o imposto para ajudar a contrabalancear esses aumentos, no meu entender excessivo, da Petrobras. Mas eu não posso interferir, nem iria interferir na Petrobras, se bem que alguma coisa vai acontecer na Petrobras nos próximos dias, você tem que mudar alguma coisa, vai acontecer”, disse em transmissão na quinta.
Ameaças cumpridas
Na noite desta sexta, via rede social, Bolsonaro, que havia admitido ainda em campanha não entender de economia, confirmou sua intenção.
“O governo decidiu indicar o senhor Joaquim Silva e Luna para cumprir uma nova missão, como conselheiro de administração e presidente da Petrobras, após o encerramento do ciclo, superior a dois anos, do atual presidente, senhor Roberto Castello Branco”, diz a publicação.
O texto foi publicado inicialmente na página do ministério de Minas e Energia, após Bolsonaro já ter anunciado a troca. Para que a intenção seja concretizada, no entanto, a indicação ainda precisará receber o aval do Conselho de Administração da Petrobras. A estatal informou que o conselho tem reunião ordinária agendada para a próxima terça (23), mas não divulgou a pauta do encontro.
O Conselho de Administração da estatal é composto por até onze membros. Sete deles são indicados pelo acionista controlador, que é a União; três nomes vêm dos outros acionistas, e o último é escolhido pelos empregados da Petrobras.
General no comando
Se confirmado, Luna e Silva será o primeiro militar a assumir a da Petrobras desde 1989, quando o oficial da Marinha Orlando Galvão Filho deixou o cargo. A estatal foi comandada por militares durante a maior parte do período ditatorial e chegou a ser capitaneada entre 1969 e 1973 pelo general Ernesto Geisel, que viria a se tornar presidente da República nos cinco anos seguintes.
Com a ameaça de intervenção na estatal, o principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, caiu 0,64% nesta sexta, puxado pelo recuo de mais de 6% nas ações preferenciais e de 7,5% nas ações ordinárias da Petrobras.
A decisão encerra mais um episódio de desgate do governo. A interlocutores, Castello Branco já havia dito durante a semana que não renunciaria, apesar do bombardeio contra a política de preços da estatal.
Com informações do G1