
Semanalmente o Instituto Ipespe divulga estudos sobre as eleições presidenciais que mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sempre à frente de Jair Bolsonaro (PL). Porém, nesta quarta (08) a pesquisa foi retirada do site por determinação da XP Investimentos.
Segundo a colunista da Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo, a pesquisa já estava registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-06295/2022, mas foi teve a divulgação cancelada por pressão de bolsonaristas.
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A XP passou a ser atacada nas redes sociais. O filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) usou seu perfil no Telegram para ironizar a corretora. “O mesmo instituto deu Lula com 45% e Bolsonaro com 34% kkkkk”, escreveu.
A pesquisa divulgada na semana passada mostrava Lula com 45% das intenções de voto e o atual presidente aparecia com 34%.
Segundo a jornalista, os números divulgados na semana passada foram a gota d’água para a pressão dos bolsonaristas sobre a XP.
Isso porque além do petista estar à frente da disputa, os dados mostravam que 35% dos eleitores consideram a honestidade como uma característica de Lula e 30% afirmaram que essa seria uma qualidade de Bolsonaro.
Bolsonarismo fora de controle
O desespero bolsonarista diante das pesquisas, nas quais o próprio Bolsonaro diz não acreditar, mostra que os números estão tirando o sono dos apoiadores dele.
Segundo a repórter da GloboNews, Andréia Sadi, os próprios assessores de Bolsonaro disseram que o presidente ficou “transtornado” com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de derrubar a liminar do ministro Nunes Marques que devolvia o mandato ao deputado estadual bolsonarista Fernando Francischini (União-PR).
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Mais uma manifestação do destempero do presidente diante dos números das pesquisas e das derrotas recentes. Francischini foi cassado pelo TSE em outubro de 2021 por ter espalhado fake news no Facebook sobre as urnas eletrônicas em pleno horário de votação, em 2018.
Após o julgamento da Segunda Turma do STF sobre o caso, o presidente voltou a atacar a Corte. “Uma turma do STF, por 3 a 2, mantém a cassação de um deputado acusado em 2018 de espalhar ‘fake news‘. Esse deputado não espalhou ‘fake news’ porque o que ele falou na ‘live’ eu também falei para todo mundo: que estava tendo fraudes nas eleições de 2018”, disse.
Segundo Bolsonaro, nas eleições em que ele mesmo foi eleito, as urnas estavam fraudadas e quando o eleitor “apertava o número 1 já aparecia o 13 na tela e concluía a votação”.
Bolsonaro ainda defendeu as fake news e disse que elas são parte da vida. “Não existe infração penal para fake news”, defendeu.
Sadi ressaltou que a irritação de Bolsonaro não é com o futuro de Francischini, mas com a sinalização de que o STF não vai tolerar o uso de informações faltas nas eleições deste ano.