
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez novas ameaças de golpes durante o discurso que fez em um carro de som para seus apoiadores, nesta terça-feira (1º), em Brasília. Embora sem citar nomes, Bolsonaro ameaçou o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux.
No carro de som na Esplanada dos Ministérios, Bolsonaro falou cercado pelos ministros ministros da Defesa, Walter Braga Netto; do Trabalho, Onyx Lorenzoni; da Justiça, Anderson Torres, e do vice-presidente Hamilton Mourão.
No discurso, Bolsonaro também atacou o ministro do STF Alexandre de Moraes também sem citar o nome do ministro.
Alexandre de Moraes é responsável pelo inquérito que investiga o financiamento e organização de atos contra as instituições e a democracia e pelo qual já determinou prisões de aliados do presidente e de militantes bolsonaristas.
Bolsonaro é alvo de cinco inquéritos no Supremo e no Tribunal Superior Eleitoral.
Bolsonaro disse que “uma pessoa específica da região dos três poderes” está “barbarizando” a população e fazendo “prisões políticas”, que, segundo afirmou, não se pode mais aceitar.
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“Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, disse.
No mesmo tom golpista, Bolsonaro ainda que “o Supremo Tribunal Federal perdeu as condições mínimas de continuar dentro daquele tribunal”.
“Nós todos aqui, sem exceção, somos aqueles que dirão para onde o Brasil deverá ir. Temos em nossa bandeira escrito ordem e progresso. É isso que nós queremos. Não queremos ruptura, não queremos brigar com poder nenhum. Mas não podemos admitir que uma pessoa turve a nossa democracia. Não podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade”, declarou.
O ministro Alexandre de Moraes afirmou que a liberdade só se “fortalece com absoluto respeito à democracia”.
O líder da Minoria deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ)
O deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP) afirma que “hoje é dia de celebrar a soberania do Brasil e do povo brasileiro”.
O deputado Odorico Monteiro (PSB-CE) reforça que a “democracia é inegociável”.
Reunião sozinho
Mesmo sem ter combinado com os demais poderes, Bolsonaro disse que haverá, nesta quarta-feira (8), uma reunião do Conselho da República com os presidentes dos demais poderes, a fim de mostrar “para onde nós todos devemos ir”.
“Amanhã estarei no Conselho da República juntamente com ministros para nós, juntamente com o presidente da Câmara [deputado Arthur Lira], do Senado [senador Rodrigo Pacheco] e do Supremo Tribunal Federal [ministro Luiz Fux], com essa fotografia de vocês, mostrar para onde nós todos devemos ir”, afirmou.
Porém, antes mesmo de qualquer formalização, os chefes dos demais poderes já demonstraram que não participarão da reunião.
O próprio presidente do STF já havia tentado em diversas ocasiões reestabelecer o diálogo de Bolsonaro com os demais Poderes. O que foi em vão. Bolsonaro seguiu na linha de ataque às instituições democráticas.
Os chefes dos Poderes haviam sido convidados para participar da cerimônia de hasteamento da bandeira, no Palácio da Alvorada, em comemoração ao Dia da Independência. Nenhum compareceu.
O líder da Minoria deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), que também faz parte do Conselho, enfatiza que Bolsonaro está sozinho.
“Sou líder da Minoria na Câmara e membro do Conselho da República. Defendo que o Conselho não pode se reunir mediante ameaças de um presidente que viola a Constituição. Se houver reunião, não participarei. Bolsonaro está isolado e tenta encenar uma força que não tem”, afirmou.
Conselho da República
O Conselho da República citado por Bolsonaro é um órgão de consulta do presidente. Por definição, cabe ao conselho pronunciar-se sobre “intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio” e também sobre “as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas”.
Integram o conselho, comandando pelo presidente da República, o vice-presidente; os presidentes da Câmara e do Senado; os líderes da maioria e da minoria na Câmara e no Senado; o ministro da Justiça e também seis cidadãos — dois escolhidos pela Câmara, dois pelo Senado e dois pelo presidente. O conselho só se reúne por convocação do presidente da República.
Com informações do G1