Bolsonaro minimiza superlotação de UTI: ‘parece que só morre de Covid’

Mesmo diante do recorde de óbitos por Covid-19 no país e do aumento da situação de colapso nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em todos os estados, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira (18),  que “parece que só morre de Covid”, ao questionar a super ocupação de UTIs no Brasil.

Os comentários foram feitos durante conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada. Bolsonaro disse a um apoiador que “um tio” seu morreu no mês passado. O homem perguntou se a causa foi Covid, e o presidente respondeu que fez o comentário de propósito para motivar a pergunta. Em seguida, comentou a situação das UTIs.

“Eu fiz aqui (um comentário) hipotético, qual a pergunta dele? Eu sabia que ia cair. “Morreu de Covid?” Parece que só morre de Covid. Os hospitais estão com 90% da UTI ocupada. O que a gente precisa fazer? (Saber) Quantos são de Covid e quantos são de outra enfermidade.”

A fala do presidente sugere que pessoas ingressadas por outras razões poderiam estar sendo contabilizadas nas taxas de ocupação de hospital que têm sido divulgadas, mas em todo o país, esses números estão sendo calculados em separado, uma vez que correspondem a leitos de UTI destinados exclusivamente para o tratamento do coronavírus.

Bolsonaro também disse, ao se referir a comentários que recebe muitas mensagens por meio das redes sociais com cobranças pela vacina, que quem faz esse tipo de demanda é “mal-intencionado, mau- caráter ou imbecil”. Afirmou, ainda, que querem “derrubá-lo” usando como argumento a pandemia.

A fala do presidente brasileiro foi feita durante conversa dele com um grupo de apoiadores e se estendeu a uma crítica às medidas restritivas adotadas por governadores, como o lockdown. “Lógico que a gente quer solução, a gente lamenta qualquer morte. Agora por que existiu o lockdown? Isso foi em março, abril [de 2020]”, destacou.

O chefe do Executivo nacional ainda aproveitou a oportunidade para rebater as críticas do seu ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que defende o isolamento social.

“A linha do queridinho da Globo, o Mandetta, vai pra casa e quando sentir falta de ar vai para o hospital. E perguntei para ele: vai voltar para o hospital para fazer o quê?  Tem remédio? Não tem. Para intubar? Não vale a pena tentar uma coisa antes?”, ironizou.