
Com popularidade em queda livre e pressão por impeachment aumentando, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenta reorganizar seu jogo de xadrez em busca de maior apoio. Após reforçar laços com o Centrão e tentar politizar as Forças Armadas, o próximo alvo é sua principal base: os evangélicos.
De acordo com reportagem do jornal O Globo, o presidente teria se reunido com líderes evangélicos para debater uma forma de aumentar a bancada religiosa aliada no Senado nas eleições de 2022, criando um “cinturão evangélico” na Casa. Atualmente, a frente de senadores evangélicos alinhados com o bolsonarismo ocupa 14 das 81 cadeiras, e parte dos parlamentares tentará a reeleição. O objetivo é até dobrar a presença.
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Uma estratégia de fidelização do voto evangélico foi discutida no mês passado com líderes como o pastor Silas Malafaia, da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e o pastor Abner Ferreira, da Assembleia de Deus Ministério Madureira. O maior impedimento, no entanto, seria o número de vagas. No pleito de 2022, a renovação será de apenas um terço das cadeiras.
“Uma vaga só historicamente é mais difícil. Nas eleições anteriores, com duas vagas, conseguimos eleger o Arolde de Oliveira (senador que morreu em outubro passado vítima de Covid-19). Embora ainda seja cedo, estamos avaliando nomes que tenham identificação com a bancada. Acredito que no segundo semestre a gente chegue a uma definição”, afirmou o deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), um dos líderes da bancada evangélica na Câmara.
Com a morte de Arolde, o Rio rompeu uma tradição de manter pelo menos um parlamentar evangélico na bancada fluminense de senadores. Antes dele, que era membro da Igreja Batista, ocuparam cadeiras na Casa Marcelo Crivella e Eduardo Lopes, ambos do Republicanos e membros da Igreja Universal do Reino de Deus.
Agora, bolsonaritas evangélicos articulam nomes para ocupar uma cadeira na Casa representando o Estado do Rio. “Nossas conversas com lideranças evangélicas estão avançando”, afirma pré-candidato ao Senado, o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ).
Malafaia compartilha vídeo incitando violência
Nesse sábado (3), o pastor Silas Malafaia, aliado de Bolsonaro, compartilhou um vídeo no qual o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, incita a violência e ensina a utilizar armas e instrumentos de tortura contra os “que querem fechar as igrejas” para conter o avanço da Covid-19.
No vídeo postado na Sexta-feira da Paixão, Roberto Jefferson faz uso de um “Kit Anti-Satanás”, composto por balaclava, arma, spray de pimenta, cabo de enxada ou taco de baseball, além de um chicote, e diz que o Satanás quer fechar as igrejas para impor o comunismo no Brasil. Ambas as postagens foram removidas por violarem as regras do Twitter.
O deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ) repudiou as postagens relembrando que tortura é crime e destacando: “Isso é reflexo de elogio de Bolsovírus a coronel Ustra”.