O líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), disse nessa sexta-feira (2), em entrevista ao colunista do UOL Leonardo Sakamoto, que o Centrão abandonará o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao perceber que a crise no governo é “irreversível”. Para o deputado, o bloco deve se afastar do mandatário entre “o meio” e o “fim” do ano.
“Acredito que o Centrão, quando perceber que é irreversível a decadência do governo, que não há como se segurar água para baixo de ladeira ou fogo para cima de mato seco, quando ele perceber que não tem como segurar o governo, que é um caso perdido, acho que desiste e abandona o governo, sim”.
Alessandro Molon (PSB-RJ)
Ao analisar a crise no governo, Molon afirma que ela vai além de uma crise sanitária. Segundo o socialista, a demissão dos comandantes das Forças Armadas após atritos com Bolsonaro reforçou que o problema do país é o chefe do Executivo nacional.
“Não há como salvar o governo porque o problema está sentado na cadeira de presidente, o problema é o presidente, por isso o governo é irrecuperável, porque ele não muda, o Centrão vai desistir desse apoio.”
Sobre o troca-troca dentro do Planalto, ele avalia que ainda não acabou, principalmente para os apoiadores mais radicais. Um dos próximos alvos, elenca Molon, é o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, cuja gestão é definida como “desastrosa, que arruinou e destruiu completamente a imagem do Brasil como potência ambiental”.
“Aquilo que o Brasil tinha acumulado nos últimos dez anos como um país que poderia prestar um grande serviço ao planeta pela preservação de sua biodiversidade, suas florestas, aquilo que tinha sido construído foi destruído rapidamente pelo ministro Ricardo Salles.”
Molon defende o impeachment
Ainda de acordo com a avaliação de Molon, o Congresso Nacional deve aumentar a pressão para que sejam aceitos os pedidos de impeachment contra Bolsonaro após perceber que a postura do mandatário não modificou durante o pior momento da pandemia. O parlamentar é um dos signatários do 70º pedido de impeachment.
“O Congresso vai pouco a pouco percebendo que não tem jeito, o presidente da República não vai mudar, ele se recusa a melhorar, a se tornar um presidente melhor, um ser humano melhor. Ele insiste nos seus piores comportamentos, isso vai aumentar a pressão do povo sobre o Congresso.”
Na visão do líder da Oposição, a tentativa de Bolsonaro em usar as Forças Armadas para colocar o Executivo acima do Judiciário parte de uma concepção autoritária. Caso o Congresso não encare a saída do presidente, segundo Molon, será um “cúmplice” da “desgraça que se abate sobre o Brasil”.
PSB nas eleições de 2022
Embora afirme que ainda é cedo para avaliar quais serão os caminhos para as eleições do próximo ano, Molon garante que o PSB vai se esforçar para unir nomes da centro-esquerda e montar uma possível frente ampla contra Bolsonaro.
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“O PSB certamente vai discutir com essas duas forças, avaliar a viabilidade delas, acho que vai fazer um esforço para uni-las, não sei se bem-sucedido, mas, se por acaso isso não for possível, o PSB tomará essa decisão bem mais à frente, considerando uma série de outros fatores.”
Segundo o parlamentar, os partidos da oposição estão demonstrando abertura ao diálogo sobre possíveis candidatos por reconhecerem a gravidade do momento que o país está vivendo.
“Houve um reconhecimento por parte de todos os partidos de oposição da gravidade do momento que estamos vivendo, o momento mais grave dos últimos 35 anos. Desde que assumi a liderança da Oposição, tenho clareza da responsabilidade que tenho e que meus colegas da Oposição têm, estamos assumindo esse lugar num momento gravíssimo da história do Brasil.”
Ressaltando a fome, o desemprego e a economia como provas do contexto “gravíssimo” do país, Molon destaca: “é preciso trazer todos à mesa para pelo menos criar um ambiente que una todos que se opõem a Bolsonaro no segundo turno”.
Com informações do UOL