Ao mesmo tempo em que significa perda de poder para os militares, recriação do Ministério das Comunicações afina a relação com o Congresso

Estratégia do presidente Jair Bolsonaro em recriar o Ministério das Comunicações e convidar o deputado Fábio Faria (PSD-RN) para assumi-la tem como foco afinar a relação com o Congresso e se afastar do inquérito das “fake news” no Supremo Tribunal Federal (STF) com a migração da Secretaria de Comunicação (Secom).
Embora a mudança signifique perda de poder para os militares, transferir a Secom para a Esplanada dos Ministérios gera um alívio no Planalto. Segundo reportagem do Valor, auxiliares do governo afirmam que a relação do chefe da Secom, Fábio Wajngarten, com os ministros militares estava cada dia mais desgastada.
Além disso, Bolsonaro também teria demonstrado insatisfação com Wajngarten após repercussão de que o governo teria pago R$ 2 milhões em anúncios em sites aliados e acusados de divulgarem fake news. Agora como secretário-executivo do ministério, as medidas tomadas por ele estarão mais desvinculadas do presidente.
Aproximação com a Câmara
O novo comandante da pasta, Fábio Faria (PSD), é integrante do “Centrão” e nutre uma amizade antiga com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a quem visitou logo depois da reunião com Bolsonaro que selou a nomeação.
A expectativa é que Faria atue para ampliar as pontes entre Executivo e Legislativo e siga tentando aproximar Maia e Bolsonaro durante a crise política. O presidente da Câmara chegou a comentar a nomeação e afirmou que decisão “pode ajudar o governo na articulação com o Parlamento e com a sociedade civil”.
A escolha também agrada a frente parlamentar evangélica. Faria é casado com a apresentadora Patrícia Abravanel, filha do dono do SBT, Silvio Santos, e frente pretende aprovar pacote de reivindicações para ampliar concessões de rádio e TV.