
A Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (Pnad) Contínua de 2019, divulgada no início de maio, revelou que 170 mil novas pessoas passaram a integrar o grupo da pobreza extrema no Brasil desde o ano passado. O grupo, formado por aqueles que vivem com menos de US$ 1,9 por dia, agora conta com 13,8 milhões de pessoas, o que equivale a 6,7% da população do país. Este é o quinto ano seguido no qual o número de brasileiros na miséria cresce.
Apesar de uma pequena melhora na renda média dos brasileiros e de uma ligeira redução da desigualdade no primeiro ano do governo Bolsonaro, ano anterior à pandemia, a pesquisa revela que os mais pobres não foram beneficiados. Os dados ainda apontam que a recuperação da crise de 2015 beneficiou primeiro os mais ricos, ampliando sua renda, depois a classe média e, por último, os mais pobres, nesta ordem.
Homens x Mulheres
A pesquisa mostrou, ainda, que homens tiveram rendimento médio mensal 28,7% maior do que das mulheres em 2019, considerando os ganhos de todos os trabalhos. Enquanto eles receberam R$ 2.555, acima da média nacional (R$ 2.308), elas ganharam R$ 1.985.
Em todas as grandes regiões do país, a participação masculina na população ocupada foi superior à feminina, sendo que o Norte teve a menor estimativa de mulheres trabalhando (38,7%). O Sudeste (44,5%), o Sul (43,8%) e o Centro-Oeste (43,3%) registraram as maiores participações femininas na ocupação em 2019. Já o Nordeste (41,8%) teve o maior avanço percentual desde 2012, início da série histórica.
Nordeste
De acordo com a Pnad 2019, a concentração de renda per capita mostrou certa estabilidade (0,543), na comparação com o ano anterior (0,545), indicando redução em todas as regiões do país, com exceção do Nordeste, onde a desigualdade aumentou de 0,545 para 0,559.
No país, um dos indicadores da desigualdade é medido pelo índice de Gini, que varia de zero a um. Quanto mais próximo de zero, melhor é a distribuição de renda de um país e quanto mais perto de um, mais desigual é a economia.
Embora a concentração de renda tenha caído em quase todas as grandes regiões brasileiras, sendo o menor índice no Sul (0,467) e a maior redução no Norte (de 0,551 para 0,537), a desigualdade do Nordeste registrou alta, passando de 0,545 para 0,559.
Abismo entre brancos e negros
Em 2019, permaneceram grandes as discrepâncias entre o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos das pessoas brancas (R$ 2.999), pardas (R$ 1.719) e pretas (R$ 1.673).
O rendimento médio dos trabalhadores com ensino superior completo (R$ 5.108) era, aproximadamente, 3 vezes maior que o daqueles com somente o ensino médio completo (R$ 1.788) e cerca de 6 vezes o daqueles sem instrução (R$ 918).
Bolsa Família
Outro dado negativo foi constatado na queda do número de domicílios atendidos pelo Bolsa Família. A redução foi de 0,2%, quando comparados os 13,7% atendidos em 2018 e os 13,5% em 2019.
Com informações do IBGE.