
Apesar das promessas do ministro da Economia, Paulo Guedes, o Brasil permanece no topo do ranking dos países com maiores taxas de inflação entre as principais economias mundiais, mesmo após o país ter registrado deflação histórica em julho.
Indicador oficial da inflação brasileira, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu 0,68% em julho, a menor taxa da série de pesquisas iniciada em 1980. Apesar da queda mensal, o Brasil ainda tem uma inflação acumulada em 12 meses de 10,07%.
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É a quarta maior taxa do G-20, grupo dos 19 países mais ricos e um bloco com integrantes da União Europeia, segundo levantamento da empresa de análises e tecnologia financeira Quantzed.
Turquia e Argentina lideram o ranking com taxas de 79,6% e 64%, respectivamente, destoando inclusive da média de 13,7% do grupo. A Rússia é a terceira colocada, com um índice de 15,9%.
Na ponta inferior da tabela, China, Japão e Arábia Saudita registram índices de 2,5%, 2,4% e 2,3%, nessa ordem.
Inflação no Brasil
Parte considerável da alta de preços no Brasil tem as mesmas causas da inflação em boa parte do mundo, pois reflete os desequilíbrios provocados pelas restrições às atividades impostas pela pandemia. A alta global de preços resulta, portanto, da oferta escassa de produtos diante de uma demanda crescente após a retomada da circulação de pessoas em economias ainda aquecidas por pacotes de estímulos.
Fogem à regra Turquia e Argentina, segundo Fabio Fares, especialista em análise macro da Quantzed. Ele afirma que a condução da política econômica tem forte relação com a disparada do custo de vida nesses países.
Quanto à inflação russa, os preços são basicamente influenciados pela guerra com a Ucrânia. “Rússia a gente sabe que está em guerra. É um mercado fechado. Com a oferta escassa, os preços sobem.”
Para o especialista da Quantzed, a deflação de julho mostra, porém, que o Banco Central do Brasil compreendeu rapidamente o processo inflacionário em curso e deu a resposta necessária ao elevar sua taxa de juros antes de economias menos acostumadas a lidar com esse fenômeno.
“O Brasil tem, historicamente, uma média de inflação mais alta do que o mundo, por isso nós lidamos melhor com ela”, comentou. “O Banco Central já havia começado a elevar sua taxa quando o Fed [Federal Reserve, o banco central americano] ainda dizia que a inflação era transitória.”
Mas afinal, o que é inflaçao?
A inflação é o aumento dos preços de bens e serviços. Ela implica diminuição do poder de compra da moeda. Atualmente, a inflação é medida pelos índices de preços. O Brasil tem vários índices de preços, mas o IPCA é o utilizado no sistema de metas para a inflação.
Quando notamos que alguns produtos são mais caros hoje do que eram antes, significa que o seu preço inflacionou. Normalmente, esse processo não costuma ser prejudicial para o consumidor, pois os reajustes nos salários-mínimos visam, sobretudo, ao acompanhamento das taxas de inflação.
A inflação torna-se prejudicial para a sociedade somente quando o seu nível aumenta em níveis muito altos e em uma velocidade grande, pois os reajustes salariais levam mais tempo para serem implementados, o que diminui o poder de compra do consumidor durante a maior parte do ano. Outro caso, é quando o governo não reajusta o salário mínimo acima do índice inflacionário, como vem fazendo o governo de Jair Bolsonaro.
Com informações da Folha