
O Brasil ultrapassou neste sábado (10) a marca de 150 mil mortes pela Covid-19, pouco mais de meses após o início da epidemia da doença no país. O registro ocorre em um momento em que o pico da doença já está há um mês e meio em queda. O ritmo de redução, porém, é lento.
O consórcio de veículos de imprensa, que realiza a contagem a partir dos dados das secretarias estaduais de Saúde, informou que até as 20h deste sábado (10), o país registrou 544 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 150.236 óbitos, em meio a 5.091.840 de casos confirmados da doença. A média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 604, uma variação de -13% em relação aos dados registrados em 14 dias.
O histórico dos números mostra que, um mês e meio após sair do patamar de mil mortes diárias (um pico que se tornou um platô), o país ainda está registrando média de 600 mortes por dia, número ainda alto.
‘Atuação da Saúde é pífia’
“Vemos no Brasil uma evolução da epidemia muito semelhante à história natural da doença, e percebemos que não vai haver aqui uma queda abrupta da curva de mortes como vimos em outros países”, afirmou Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia. “A gente vai se arrastar nessa primeira onda de casos que parece não terminar nunca, até ela perder a força naturalmente ou até a gente ter uma vacina que resolva”.
Uma preocupação dos médicos é que essa dificuldade em derrubar o número de mortes ocorre em um cenário no qual a maioria das grandes cidades do país já está em processo de reabertura da economia.
Leia também: “Não sabia nem o que era o SUS”, confessa Pazuello
“Não existe aqui uma quantidade de exames adequada para o enfrentamento da pandemia e não há uma estratégia de rastreamento de contatos como em outros países”, disse Chebabo, que aponta falta de liderança como um dos problemas. “A atuação do Ministério da Saúde é pífia”.
Banalização das mortes
Raquel Stucchi, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, diz se preocupar com o efeito de fadiga que as pessoas estão sentindo em manter medidas de contenção.
“Nós estamos há tanto tempo nisso que a gente acaba deixando de se impressionar e até banalizando os números”, afirmou Stucchi. “Mas nós não podemos nos acostumar com um número de 600 mortes por dia. E nós temos um período ainda longo de convivência com o novo coronavírus”.
É possível ter uma medida de como a desaceleração da epidemia é demorada no Brasil, se dividirmos as 150 mil mortes em cinco etapas. A primeira etapa de 30 mil mortes levou 76 dias para se completar, mas as três seguintes se completaram em um mês cada uma. A última etapa não levou muito mais tempo para fechar: 42 dias.
O número de mortes, dizem os médicos, está subnotificado, o que é normal em alguma medida para novas epidemias. A SBI trabalha com um cenário em que cerca de 20% dos óbitos por Covid-19 não estão sendo atribuídos ao coronavírus.
Prestação de contas
Na entrevista coletiva concedida na última sexta-feira por integrantes do Ministério da Saúde, a pasta afirmou ter distribuído 7,5 milhões de testes diagnósticos do tipo PCR, o padrão para diagnóstico de pacientes sintomáticos. Um sinal de que o número é pequeno é que o país já tem mais de 5 milhões de casos confirmados.
Não houve menção na entrevista ao número específico de mortes registradas pela doença. O secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, destacou os recuperados.
“O Ministério da Saúde apresenta o seu pesar pelas centenas de milhares de mortes decorrentes da Covid-19, ao mesmo tempo em que reforça a força do nosso sistema único de saúde com mais de 85% de recuperados dentre aqueles acometidos da Covid-19”, disse.
Questionado sobre a demora na queda do número de mortes, Franco não apontou motivo específico.
Com informações do jornal O Globo e G1