Diferente dos dados divulgados pelo Pisa, revelando que o Brasil tem escolas com a pior proporção de computadores por aluno entre os 79 países e territórios avaliados, o desempenho de seis estudantes brasileiros colocou o país entre os dez países com mais pontuação na 61ª Olimpíada Internacional de Matemática (IMO). É o melhor resultado desde 2009, quando o País esteve na 15.ª colocação. Com 165 pontos, a equipe ficou à frente de países como Japão, França, Alemanha e Canadá.
Todos os jovens conquistaram medalhas, sendo um ouro e cinco pratas.
Premiados
Um dos premiados com medalha de prata foi Francisco Moreira Machado Neto, de 19 anos, que mora em Fortaleza, no Ceará. Ele finalizou o colégio no ano passado, mas afirma que o interesse em participar da IMO começou muito antes. No nono ano, foi premiado com menção honrosa na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM).
“Depois da menção honrosa, comecei a acompanhar mais sobre olimpíadas de matemática. Coloquei como desafio participar da IMO e comecei a me dedicar muito. Durante o ensino médio, participei de treinamentos e outras competições, tanto que neste ano nem comecei a fazer faculdade. Minha meta era a IMO. Sempre tive vontade de representar o Brasil na competição internacional. A equipe como um todo conquistou medalha neste ano”, disse.
“Esse foi o melhor ano para nós. Ficamos entre os dez melhores, ocupando a décima colocação. Foi nosso recorde de pontuação e medalhas com um ouro e cinco pratas. Todos os seis participantes premiados”, comemorou Carlos Gustavo Moreira, pesquisador do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), coordenador-geral da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) e líder do time da IMO 2020.
Histórico
Com a medalha de ouro deste ano, o Brasil já acumula 11 medalhas de ouro na competição, disse Moreira, que ganhou uma delas em 1990 na edição realizada na China.
Diante da pandemia, a IMO, inicialmente prevista para acontecer em julho, em São Petersburgo, na Rússia, precisou ser adaptada para o formato online. A competição aconteceu entre 19 e 28 de setembro, com realização das provas nos dias 21 e 22, em centros de aplicação de cada país previamente aprovados pelo conselho consultivo da organização.
No Brasil, as provas, que tiveram duração de quatro horas e meia, foram realizadas com todas as medidas de saúde e de segurança, no Ceará e no Rio, com necessidade de deslocamento aéreo de somente dois estudantes que moram em outros Estados. Além de representantes brasileiros e fiscais estrangeiros no local da prova, fiscais internacionais também monitoraram a todo o momento os participantes.
Equipe brasileira que participou da IMO 2020:
- Bernardo Peruzzo Trevizan, de São Paulo (SP) – Prata
- Guilherme Zeus Dantas e Moura, de Maricá (RJ) – Prata
- Pablo Andrade Carvalho Barros, de Teresina (PI) – Prata
- Francisco Moreira Machado Neto, de Fortaleza (CE) – Prata
- Gabriel Ribeiro Paiva, de Fortaleza (CE) – Prata
- Pedro Gomes Cabral, de Fortaleza (CE) – Ouro
Dez primeiros países na lista da IMO 2020, que reuniu 105 países:
- China – 215 pontos
- Rússia – 185 pontos
- Estados Unidos – 183 pontos
- Coreia – 175 pontos
- Tailândia – 174 pontos
- Itália – 171 pontos
- Polônia – 171 pontos
- Austrália – 168 pontos
- Reino Unido – 167 pontos
- Brasil – 165 pontos
Realizada desde 1959, a IMO é destinada a estudantes do ensino médio com idades entre 14 e 19 anos e que não tenham ingressado na universidade. Em 1979, o Brasil começou a participar como observador quando foi criada a Olimpíada Brasileira de Matemática. E desde 1981, participa oficialmente da competição.
O Brasil é o país latino-americano com maior número de medalhas na competição, totalizando em 142 até agora. No ano passado, a equipe conquistou duas medalhas de prata e quatro de bronze.
Com informações do Estadão