
O Dia Mundial do Livro é celebrado nesta sexta-feira (23). Ao longo de mais de um ano de pandemia da Covid-19 os brasileiros têm aproveitado o isolamento social para colocar a leitura em dia. Dados do Painel do Varejo de Livros no Brasil mostra que foram vendidos 3,9 milhões de livros em março de 2021, 1 milhão a mais do que no mesmo mês de 2020.
O faturamento do mercado de livros alcançou R$ 165 milhões no mês passado, o que representa crescimento de 28,46% em relação a março de 2020, quando foram impostas as primeiras medidas restritivas no país. O levantamento mostra que o valor médio do livro caiu mais de R$ 3 (passou de R$ 45,56 para R$ 42,29). A venda aumentou em livrarias, varejistas e, principalmente, no e-commerce. Ao longo da pandemia da Covid-19, os gêneros de livros mais vendidos no Brasil foram não ficção especialista; não ficção trade; infantil/juvenil; e educacional.
Cruzada contra os livros
Ainda assim, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) prossegue na cruzada contra a cultura, a ciência e o conhecimento. No início de abril, a Receita Federal anunciou aumento de impostos para o mercado editorial. Para o órgão, pessoas mais pobres não consomem livros não-didáticos. O projeto do Fisco está em documento sobre proposta de fusão da PIS/Cofins em um único tributo, a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
De acordo com a Constituição Federal, no artigo 150, a venda de livros e do papel para a impressão deles estão isentos dos impostos PIS e Cofins. Ao suspender este benefício o governo pretende passar a cobrar a CBS, que substituiria. A alíquota seria de 12%.
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Guedes também acha que pobre não consome livros
O argumento de que pobres brasileiros não leem já havia sido utilizado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele chegou a afirmar em agosto de 2020 que a doação direta de livros é mais eficiente que a concessão de benefícios fiscais a editoras.
“Vamos dar o livro de graça para o mais frágil, para o mais pobre. Eu também, quando compro meu livro, preciso pagar meu imposto. Então, uma coisa é você focalizar a ajuda. A outra coisa é você, a título de ajudar os mais pobres, na verdade, isentar gente que pode pagar”, disse o ministro na ocasião.
Políticas de incentivo à leitura
O líder da Oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) cobrou políticas de incentivo à educação e à leitura. Em uma postagem nas redes sociais, o socialista se posicionou contra a proposta de taxação ao mercado editorial de Bolsonaro e criticou cortes no Orçamento da Educação .
Falta de tempo é empecilho à leitura
A 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro, indicou que o Brasil tem cerca de 100 milhões de leitores. Isso corresponde a 52% da população. Destes, 73% não estão estudando; 28% integram as classes D e E; 47% integram a classe C e 25% as classes A e B. Entre os fatores apontados como maior obstáculo para a leitura está a falta de tempo, algo que se agrava nas classes mais baixas.
Dia Mundial do Livro
O Dia Mundial do Livro é celebrado no dia 23 de abril por causa da morte de 3 grandes escritores: William Shakespeare, Miguel de Cervantes e Inca Garcilaso de La Vega, todos em 1616. Também foi escolhida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) por existir uma tradição em que os catalães costumam dar uma rosa para quem comprar um livro em 23 de abril. Trocar flores por livros é uma tradição em diversos países.
Com informações do Poder360