A certa altura de seu show em Brasília no sábado (18), Caetano Veloso recebeu de sua equipe uma bandeira dobrada. Com a música parada, enquanto o público aplaudia o baiano e sua banda, ele desenrolou o tecido e exibiu para a plateia os rostos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira. A plateia se levantou e intensificou as palmas.
A dupla foi assassinada na região do Vale do Javari, no Amazonas, após terem desaparecido no dia 5 de junho, quando retornavam de barco ao município de Atalaia do Norte. Seus corpos foram encontrados certa de três quilômetros floresta adentro.
Enquanto o público seguia aplaudindo e puxava coro contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), Caetano guardou a bandeira e questionou: “Por que pararam as investigações?”.
A apresentação ocorreu no Auditório Ulysses Guimarães, na capital federal, e faz parte da turnê que leva o nome de seu álbum mais recente, “Meu Coco”.
O tour teve início em Belo Horizonte, em abril, e já passou por capitais como São Paulo e Rio de Janeiro. Até dezembro, há shows previstos em Curitiba, Fortaleza, Goiânia e Porto Alegre, por exemplo. Caetano ainda volta a São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília para novas apresentações.
Desde o início da turnê, gritos contra Bolsonaro vêm se repetindo nos shows, com endosso do artista. Na capital mineira, após coros de “fora, Bolsonaro”, Caetano respondeu que “sem sombra de dúvida”. Em São Paulo, ele mesmo falou suavemente: “Fora Bolsonaro”.
No setlist há apresentações de faixas de “Meu Coco”, como a que dá título ao álbum, além de “Enzo Gabriel”, “Anjos Tronchos” e “Não Vou Deixar”, por exemplo. Mas Caetano também desfila clássicos, caso de “Sampa”, “Leãozinho”, “Baby”, “Menino do Rio”, “Lua de São Jorge”.
As próximas apresentações ocorrem em São Paulo, de sexta (24) a domingo (26).
Com informações da Folha de S. Paulo