O vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), participou de uma reunião da diretoria jurídica da Pfizer no Palácio do Planalto sobre compra de imunizantes contra a Covid-19. A informação foi confirmada pelo ex-presidente da farmacêutica no Brasil, Carlos Murillo, durante oitiva à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia que foi encerrada por volta das 16h. A reunião citada ocorreu em novembro do ano passado.
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Durante o relato, Murillo também mencionou que estavam presentes, na mesma reunião, o ex-secretário de Comunicação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) Fabio Wajngarten e o assessor especial para assuntos internacionais, Filipe Martins.
“Fabio (Wajngarten) explicou a Filipe Garcia Martins e a Carlos Bolsonaro os esclarecimentos prestados pela Pfizer até então na reunião.”
Carlos Murillo
Carlos Bolsonaro não ocupa cargo de nenhuma categoria na administração federal. Atualmente ele responde a dois procedimentos do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF-RJ) por suspeita de manter funcionários fantasmas em seu gabinete.
Aumenta lista de contradições de Wajngarten
A fala do ex-dirigente da Pfizer no Brasil e atual gerente geral da empresa na América Latina evidencia mais uma contradição no depoimento de Fabio Wajngarten, prestado nesta quarta (12), à CPI da Pandemia. Durante o interrogatório, ao falar de conversas com a farmacêutica, o ex-secretário de Comunicação negou que Carlos Bolsonaro estivesse presente quando foi questionado sobre quem participou do encontro. Ele também disse que não tinha proximidade com o filho do presidente.
O depoimento do ex-secretário foi marcado por diversas contradições. Wajngarten negou, por exemplo, que tivesse dito, em entrevista à Revista Veja, que o Ministério da Saúde foi incompetente no tratar com a pandemia. A revista publicou a íntegra do áudio da entrevista confirmando.
Outra declaração falsa dada pelo por Wajngarten e desmentida pelos membros da CPI dizia respeito à campanha feita pela Secretaria de Comunicação incentivando o tratamento precoce. O ex-secretário falou que estava de licença no período. Os senadores, no entanto, apresentaram um vídeo no qual o próprio Wajngarten afirma que, mesmo tendo contraído Covid, seguia “trabalhando normalmente”, inclusive “tendo aprovado campanhas”.
Bolsonaro ignorou ofertas de vacinas da Pfizer
Também no depoimento à CPI, Murillo confirmou que a farmacêutica enviou uma carta endereçada ao presidente Bolsonaro, ao vice, Hamilton Mourão, e a outros três ministros para negociar imunizantes, mas não obteve respostas.
De maneira semelhante Carlos Murillo confirmou que o país ignorou três ofertas para aquisição de vacinas. Todas no ano passado.
A Pfizer abriu os diálogos com o governo brasileiro para tentar vender vacinas em maio do ano passado. Conforme o depoente, se pelo menos um dos acordos tivesse sido fechado, o país teria começado a receber imunizantes ainda em dezembro de 2020.
Com informações do UOL e O Globo