Há cerca de duas semanas, como reportado pelo jornalista Gleen Greenwald, Estados Unidos e Rússia têm trocado acusações sobre a possibilidade de uso das chamadas “armas de destruição em massa” na guerra na Ucrânia. Apesar de proibido pelo Direito Internacional Humanitário, o conjunto de regras que rege os conflitos armados desde as Convenções de Genebra, de 1949, esse tipo de armamento tem sido utilizado de fato ou como retórica pelos EUA em várias oportunidades, como cita a diretora do Departamento de Informações do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, em post no Twitter.
“Alguns funcionários dos #EUA afirmam que a Rússia pode usar armas biológicas contra a #Ucrânia. As pessoas estão perguntando: não foram os EUA que usaram o Agente Laranja no #Vietnã, armas bacteriológicas na #Península Coreana, invadiram o Iraque com evidências falsas de armas de destruição em massa…”
Quem acompanhou a escalada dos discursos belicistas dos EUA depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, jamais vai esquecer as imagens do então Secretário de Estado estadunidense em 2003, Colin Powell, mostrando no Conselho de Segurança da ONU fotos, vídeos, gráficos e segurando um pequeno frasco com algo branco (que seria o agente biológico Antraz) para “provar” que Saddam Hussein teria um programa de desenvolvimento de armas de destruição em massa.
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No final, o Conselho de Segurança não autorizou a guerra preventiva pretendida pelos EUA, mas isso não impediu Washington e seus aliados, como a Inglaterra, de invadirem e destruírem o país, da mesma forma como a Rússia faz hoje na Ucrânia. E, claro, as tais armas nunca foram encontradas. Para mais detalhes dessa operação, vale a pena assistir o documentário A Guerra que Você não Vê, do jornalista australiano John Pilger.
Em um segundo tuíte do fio, Hua Chunying segue apontando a hipocrisia da diplomacia estadunidense: “… e invadiram a #Síria com um vídeo falso de Capacetes Brancos mostrando o suposto uso de armas químicas? Dada a pouca credibilidade do governo dos EUA nesses assuntos, como as pessoas poderiam confiar nele novamente?
Chunying se refere nessa parte a um dos eventos mais controversos da Guerra na Síria, que, aliás, segue fazendo vítimas e refugiados todos os dias mas está tão escondida na mídia hegemônica quanto as guerras no Iêmen e Somália, além dos conflitos sem fim na Palestina, Caxemira, Líbia e dezenas de outros territórios pelo mundo.
“Vírus perigosos”
O porta-voz da chancelaria chinesa, Zhao Lijian, em entrevista coletiva no dia 8 de março, já havia afirmado que, segundo relatos, os EUA têm 26 laboratórios biológicos que integram um programa de militarização na Ucrânia nos quais são armazenados “vírus perigosos”.
Pequim pediu, entre outros dados, que sejam divulgadas informações sobre os tipos de vírus armazenados e as pesquisas realizadas nesses locais.
“Tendo em conta a situação atual, a saúde e a segurança das pessoas na Ucrânia e nas áreas vizinhas, e até mesmo no mundo, pedimos a todas as partes interessadas que garantam a segurança desses laboratórios. Os Estados Unidos, como parte que conhece esses laboratórios melhor, devem divulgar os detalhes relevantes o mais rápido possível, incluindo quais os vírus armazenados e quais pesquisas que são feitas”, disse Zhao Lijian.
Com informações do site Jornalistas Livres