Pesquisas apontam que aumento no número de escolas cívico-militares no Brasil não ocorre apenas no ensino público

Com o avanço do conservadorismo no Brasil e na “busca dos pais por mais disciplina”, colégios particulares de inspiração militar têm se tornado uma oportunidade de negócio. Administradas por ex-policiais ou agentes da reserva do Exército, há dezena de unidades particulares distribuídas entre Ceará, Brasília e Paraná.
De acordo com reportagem da BBC, uma associação de policiais militares lançou um colégio particular no Pará há dois anos e, atualmente, já conta com outros seis espalhados pelo Estado. A primeira, o Colégio Vila Militar, em Curitiba, estreou em 2018 e hoje já tem 668 alunos matriculados do 6º ano do ensino fundamental até o 3º do médio.
Em Fortaleza, sócios de uma universidade lançaram a proposta com o intuito de atrair pais interessados em uma educação “mais rígida” e o Colégio Cívico Militar – Batalha do Riachuelo estreou em 2020 com 1.030 alunos.
Já na capital federal, o capitão Davi Lima, da reserva do Exército, tem feito parcerias com colégios locais para ampliar a presença dos “cívico-militares” na rede particular. Mesmo sem formação na área de educação, o capitão tem participado de eventos na Câmara para tentar fomentar a criação de novas escolas do modelo.
Assim como as públicas, as escolas particulares que aderiram ao modelo militar costumam impor regras rígidas de conduta a seus estudantes, como corte de cabelo padrão, uso de uniforme similar ao da PM e obrigatoriedade de cantar o hino nacional todos os dias.
O plano do governo Bolsonaro
Para as escolas particulares, o termo “cívico-militar” não é sequer reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) ou pelo Exército, restringindo-se às escolas públicas no âmbito do programa lançado pelo governo federal em 2019. O presidente Jair Bolsonaro prometeu 216 unidades públicas em 26 Estados nos próximos anos.
Só no ano passado, de acordo com os dados disponíveis no site do programa, foram instaladas 54 em 23 Estados e no Distrito Federal.
Com informações da BBC News Brasil.