O município de Santana do Itararé, no interior do Paraná, terá um prefeito do PT, Zé Izac, e vice do PSL, Joaquim do Venerando, reunindo dois polos antagônicos do cenário nacional na administração do município. Trata-se da única chapa concorrendo à prefeitura na cidade de 5.000 habitantes, localizada a cerca de 300 km de Curitiba, próxima da divisa com São Paulo.
De acordo com levantamento do Congresso em Foco, 136 cidades do país formaram coligações que incluem PT e PSL na mesma chapa. Das 20 cidades do Paraná com essa composição, a maioria dos casos envolve o apoio de ambos os partidos a siglas diversas, tornando Santana do Itararé um caso peculiar.
A cidade de Moreira Sales também terá chapa única com o apoio dos dois partidos, mas o prefeito e o vice serão, respectivamente, de MDB e PSB.
Aliança antagônica
Zé Izac (PT) deve assumir a cidade pela terceira vez — já foi prefeito entre 2008 e 2016, com um hiato no qual o município foi administrado pelo aliado Joás (PDT). Segundo ele, a colaboração entre os dois partidos se deve à situação vivida no país.
Há uma crise instalada. Nós pensamos em conciliar no momento em que vivemos, com o povo passando dificuldades. Sabemos que há divergências entre PT e PSL, mas fizemos essa composição.
Zé Izac (PT), que tem vice do PSL em sua chapa
Aprovação dos partidos
Se no cenário municipal o acordo foi firmado, Izac relata que a composição teve que ser aprovada pela Executiva estadual do PT antes de se tornar realidade, o que deu “um pouco de trabalho”.
“Tivemos que conversar com o nosso presidente estadual, o Arilson [Chiorato, deputado estadual]. Também falamos com a Gleisi [Hoffmann, presidente do partido] para que fosse aceita essa composição. Só firmamos esse acordo após essa aprovação do diretório”, explica.
Apesar da união, Zé Izac não deixa de criticar o governo federal.
“A situação deles [apoiadores do governo federal] está difícil. É difícil defender o governo, que não está sólido. Não sei de onde vão buscar forças para reverter esse quadro”, diz.
No entanto, revela que teve que mudar um pouco a sua atitude com um vice da legenda pela qual Jair Bolsonaro, atualmente sem partido, foi eleito em 2018: “Parei de falar mal nas redes sociais, porque fica estranho”.
Com informações do UOL