Dados extraídos da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Covid-19 indicam que mais de três milhões de brasileiros ficaram “oficialmente” desempregados entre a primeira semana de maio e a última semana de julho no país.
O levantamento, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que com a flexibilização do isolamento social em razão da pandemia do coronavírus, o número de pessoas que passaram a buscar trabalho, sem sucesso, elevou a taxa de desemprego, fazendo com que o percentual subisse de 10,5% para 13,7% no período.
Para os pesquisadores Maria Andreia Parente Lameiras e Marco Cavalcanti, ambos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), na média do mês de julho, o quadro geral do mercado de trabalho apresentou deterioração em relação ao mês anterior. Na média do mês, a taxa foi de 13,1%, acima dos 12,4% registrados em junho. A queda do número de pessoas ocupadas foi o principal fator de expansão da taxa de desocupação.
“Apesar de os indicadores econômicos mais recentes apontarem para uma recuperação mais rápida da atividade do que a prevista inicialmente, os efeitos adversos da crise no mercado de trabalho tendem a persistir durante algum tempo”, ressaltaram os pesquisadores.
Desemprego em alta
Economistas apontam, ainda, que a alta do desemprego deve ser uma tendência nos próximos meses, com o fim das medidas de sustentação de renda do governo, como auxílio emergencial e seguro-desemprego. Com a única fonte de renda de muitas famílias ficando escassa, a tendência é que mais pessoas recomecem a busca por uma vaga.
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A flexibilização do distanciamento social e o maior controle sobre as curvas de contágio também devem levar mais pessoas a procurar emprego, mas muitas não encontrarão devido ao baixo dinamismo da economia. Com isso, o mercado de trabalho fica mais pressionado.
Desempregados e novos ‘desalentados’
Segundo o IBGE, ainda há 18,5 milhões de pessoas fora da força de trabalho que gostariam de estar no mercado, mas não procuraram emprego por causa da pandemia ou por falta de trabalho onde vivem. O número está estável pela quarta semana consecutiva e na comparação com o início de maio.
Análise feita pelo jornal O Globo com base nos microdados de junho da mesma pesquisa permitem extrair um perfil desses novos desempregados ou “novos desalentados”: majoritariamente jovem, ou seja, pessoas que estão entrando no mercado de trabalho. Naquele mês, uma em cada três pessoas nessa situação tinha entre 14 e 24 anos.
Para os próximos meses, a expectativa e que haja uma recomposição da ocupação por meio dos informais. Dados divulgados na última semana pelo IBGE, mostraram que 8,9 milhões de pessoas deixaram de trabalhar entre abril e junho, sendo 68% informais.
Apesar de também avaliar o mercado de trabalho, a Pnad Covid não é comparável com os dados da Pnad Contínua, considerado o indicador oficial de desemprego no país. A metodologia das duas pesquisas são distintas
Com informações de O Globo