
Informações do governo de Santa Catarina indicam que este sábado (28) teve a maior alta de casos da Covid-19, com 9.523 em um único boletim epidemiológico. Segundo informações da assessoria da Secretaria de Estado da Saúde, o número crítico não tem relação com testes represados ou problemas técnicos, sendo uma demonstração do avanço da pandemia.
A alta é praticamente 50% maior do que o recorde anterior, da penúltima sexta (20), quando foram confirmados 6,1 mil casos. O estado, agora, soma 355 mil casos do novo coronavírus, sendo que cerca de 90% estão recuperados, e 30 mil pacientes estão com o vírus ativo, o maior número até então.
Além disso, são 3,7 mil mortes ocasionadas, sendo que 35 foram incluídas nesta atualização.
Com isso, o panorama catarinense, que já não era favorável, demonstra mais um número que deve influenciar as medidas das gestões estaduais e municipais.
No momento, a maioria dos especialistas considera a alta um fenômeno que resulta das quebras de isolamento social, especialmente as vistas em feriados, e os eventos, considerando a existência de festas clandestinas. Na última semana, o estado quebrou três vezes o recorde de casos confirmados, e durante a última quarta (25), o mapa de risco potencial foi atualizado.
Maior número de hospitais superlotados
Desde que Santa Catarina começou a confirmar mais de 2 mil casos por dia nos boletins epidemiológicos, representando uma nova onda da pandemia no Estado, o índice de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) tem subido.
Atualmente, são 87% dos leitos lotados, o maior índice até então. Ou seja, o Estado tem 1.438 leitos ativos, mas 1.253 estão ocupados, sendo 575 por pacientes da Covid-19. Atualmente, isso deixa 185 leitos livres em todo o território catarinense. Mas, mesmo com quase 200 leitos disponíveis, o Estado soma 15 hospitais que estão totalmente lotados, sem nenhum leito de UTI disponível.
Afrouxamento em Santa Catarina
Apesar da bandeira vermelha cobrir quase todo estado, as normas do governo são mais leves do que as decretadas no início da pandemia, em março. Em geral, os estabelecimentos permanecem abertos, com restrições de público. Cabe às prefeituras implantarem medidas mais rígidas para conter a doença. O estado intervém apenas se, após três semanas, as ações da região não baixarem os números.
Na sexta (27), a prefeitura de Criciúma, sul catarinense, decretou calamidade pública diante do aumento de casos e lotação dos hospitais. A cidade de 217 mil habitante tem 1.321 residentes diagnosticados com o vírus atualmente.
Além do afrouxamento de regras pelo governo, especialistas apontam o comportamento dos catarinenses como um dos principais fatores que levou à explosão de casos.
“No início, as pessoas tinham vergonha de dizer que pegaram Covid-19 porque isso estava associado à falta de responsabilidade e ao descuido. Com o tempo, veio a fadiga e essa relação mudou. Hoje, a visão é a de que é algo inevitável, de que a vida não pode mais parar e de que as pessoas não terão sintomas graves, então vale a pena correr o risco”, diz a psicóloga Andréa Steil, integrante de um grupo de pesquisa na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que avaliou o comportamento no distanciamento.
O levantamento apontou que, entre março e setembro, caiu o índice de catarinenses que estão seguindo à risca o distanciamento social -eram 96% e passaram para 78%.
“As pessoas recebem informações conflitantes e acabam seguindo suas crenças. O coletivo depende do comportamento individual, então as regras, sozinhas, não dão conta. Têm que vir com comportamento empático”, diz Steil.
Com informações da Folha de S. Paulo e portal NSC Total