Na última semana, comunidades quilombolas do Brasil confirmaram 875 novos casos da Covid-19. Os números, atualizados pela plataforma Observatório da Covid-19 nos Quilombos nesta segunda-feira (20), mostram que, ao todo, 136 quilombolas morreram da doença e há 3.465 casos confirmados. Outras 797 suspeitas de contágio estão em monitoramento.
Os estados da Amazônia Legal concentram a maioria dos registros. Só o Pará acumula 1.480 casos confirmados, 37 óbitos e 751 casos suspeitos em tratamento médico e hospitalar. A estimativa é da Coordenação das Associações das Comunidades Quilombolas do Estado do Pará – Malungu, como destaca o Alma Preta.
“A invisibilidade da doença em territórios quilombolas revela uma situação dramática, que não tem recebido a atenção devida das autoridades públicas e dos meios de comunicação dominantes”, destaca o observatório, que mantém painel online com atualizações diárias sobre os números do novo coronavírus entre quilombolas.
De acordo com a Conaq, os “dados da transmissão da doença em territórios quilombolas são subnotificados, pois muitas secretarias municipais deixam de informar quando a transmissão da doença e a morte ocorrem entre pessoas quilombolas”.
Comunidades sem infraestrutura
Atuando na linha de frente contra a pandemia, a enfermeira Silvia Amorim, disse ao Alma Preta que os dados regionais da crise sanitária são puxados pela ocorrência de surtos de doenças como sarampo, que, segundo ela, já afetavam essas comunidades. Amorim destaca a necessidade de investir em prevenção.
“É necessária a compreensão que medidas de mudança e equidade social só se darão com o acesso a direitos básicos a todos os cidadãos, com prestação e atendimento em saúde condizente com a realidade de pretos e periféricos; com investimento em educação em saúde; estrutura básica da rede de atenção à saúde em seus três níveis (primário, secundário e terciário); investimento em ciência e educação, as ferramentas verdadeiramente capazes de estremecer e reconstruir estruturas mais democráticas e justas”, pontua.
Estudo socioeconômico lançado no início do mês, apontou que 30% dos quilombolas acessam água apenas por meio de rios, nascentes cisternas, igarapés, lagos. A falta de infraestrutura é considerada grave pelos representantes das comunidades, em especial, considerando a crise sanitária da Covid-19.
Com informações do Alma Preta