
O Ministério da Saúde está tentando doar parte dos cerca de 5 milhões de testes para Covid-19 que estão encalhados em um armazém federal e cujo prazo de vencimento expira a partir de abril.
Leia também: Com escassez de oxigênio, Estados do Norte fazem apelo
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, para evitar desgastar ainda mais a imagem do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o governo pretende entregar ao Haiti um milhão desses exames. Uma equipe com representantes das duas pastas está em Porto Príncipe, capital haitiana, para negociar a entrega dos exames. Outro lote foi oferecido a hospitais filantrópicos e Santas Casas, que devem recusar a oferta.
A doação está condicionada à capacidade do Haiti de realizar as análises a partir do material. O governo brasileiro comunicou que não doará reagentes de extração e outros equipamentos necessários para diagnóstico com o teste do tipo RT-PCR. “Se os haitianos não tiverem como fazer essas análises ou como realizar coletas, não será possível ao Brasil dar início a alguma eventual doação”, afirmou o ministério da Saúde em nota.
Via Twitter, o deputado federal Alessandro Molon (RJ) questionou o a quantidade de vidas que poderiam terem sido salvas caso os testes fossem utilizados. “Essa doação faz parte dos quase 5 milhões de testes que o governo Bolsonaro deixou encalhados num armazém e agora estão próximos do vencimento. Com mais de 231 mil vítimas, fica a pergunta: quantas mortes seriam evitadas se esses testes fossem aplicados?”, indagou.
Desperdício
A pasta guardava 7,1 milhões de exames do tipo RT-PCR, o melhor avaliado para diagnóstico da doença, Quase a totalidade (96%) teria de ir ao lixo entre dezembro e janeiro. O produto ganhou mais 4 meses de validade e 2,1 milhões de exames foram entregues até agora, mas o ministério da Saúde continua com dificuldade para consumir o estoque.
O processo de detecção do coronavírus exige também cotonetes swab, tubos coletores, reagentes de extração do RNA e outros insumos que o Brasil não conseguiu comprar em grande escala.
O Itamaraty e o ministério da Saúde afirmaram que o governo haitiano pediu a doação dos testes. Não está claro, porém, se a quantidade ofertada partiu do Brasil ou do país caribenho.
“A área da saúde, por estar entre os temas prioritários para a reconstrução e a estabilização do Haiti, constitui um dos principais eixos da cooperação com o país, bem como é objeto de diálogo constante entre os dois países. O governo do Haiti solicitou ao Brasil doação de testes para detecção e está finalizando os trâmites administrativos correspondentes”, disse o Itamaraty.
Com informações do Estadão