Segundo cálculo do microbiologista da Universidade de São Paulo, Luiz Gustavo Almeida, se o Brasil manter o ritmo atual, pode demorar mais de quatro anos para vacinar toda população dentro da faixa etária definida pelo Plano Nacional de Imunização. A vacinação começou em janeiro no País pelos grupos prioritários, idosos com mais de 75 anos e profissionais de saúde.
“Este ritmo é lamentável”, afirmou o especialista ao Estadão. “Já em plena pandemia de covid, conseguimos vacinar 54 milhões de pessoas contra a gripe em cem dias, sem grandes esforços. No caso da covid, deveríamos conseguir no mínimo o mesmo número”, avalia.
Para fazer os cálculos, Almeida baseou-se no número total de brasileiros a serem vacinados, que são 160 milhões de pessoas, segundo o IBGE. Ele levou em consideração o fato de que os imunizantes usados no Brasil devem ser aplicados em duas doses. Estão fora os menores de 18 anos, que não receberão a vacina agora.
A escassez de vacinas é apontada por especialistas como a maior causa da lentidão do processo. O presidente Jair Bolsonaro negou a eficácia da imunização contra Covid-19 e demorou para autorizar o uso dos imunizantes no país. Além disso, brigou com a China, maior exportador de matéria prima e atrasou todo o calendário de vacinação.
Esperança de mais vacinas
Neste sábado (6), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) comunicou que recebeu o pedido de registro definitivo da vacina da Pfizer, chamada de Cominarty. O Ministério da Saúde chegou a assinar um memorando de entendimento em novembro para a compra de 70 milhões de doses da vacina. Contudo, divulgou em 23 de janeiro uma nota justificando a opção de não comprar o lote.
O Ministério da Saúde anunciou na sexta-feira (5) a intenção de comprar 10 milhões de doses da vacina russa Sputnik V. Pelo cronograma da pasta, o país receberia 400 mil doses uma semana após a assinatura do contrato de compra. Outras 2 milhões estariam no Brasil um mês depois e mais 7,6 milhões ao longo do segundo e terceiro meses.
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