O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu a falta de vacinas da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, para envio a estados e municípios. O representante do Executivo participou na manhã desta segunda-feira (26) de uma audiência pública da Comissão Temporária da Covid-19 do Senado Federal.
Ao ser cobrado por senadores sobre o ritmo lento de vacinação e sobre o calendário de aplicação de imunizantes no país, Queiroga afirmou que o governo não reduziu as metas iniciais, apenas retirou do cronograma vacinas que ainda não foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como a indiana Covaxin.
CoronaVac está em falta
A dificuldade de obtenção de doses da CoronaVac, explicou o ministro, compromete a aplicação da segunda dose do imunizante contra o coronavírus . Conforme recomendação do fabricante, o intervalo da dose de reforço precisa ser de 14 a 28 dias.
“Em relação a nossa vacinação, o que tem nos causado certa preocupação é a CoronaVac. A segunda dose tem sido um pedido de governadores, de prefeitos, porque se os senhores lembram há cerca de um mês se liberou as segundas doses para que se aplicassem e agora, em face do retardo de insumo vindo da China, o Butantan, há uma dificuldade com essa segunda dose. E como esta semana não temos previsão de chegada de vacina do Butantan, só daqui a cerca de dez dias.”
Marcelo Queiroga
Estados do Nordeste do Brasil como Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte, além de São Paulo e Amapá, limitaram ou mesmo suspenderam a aplicação da CoronaVac nas últimas semanas por falta de doses.
De acordo com números do Ministério da Saúde, mais de 1,5 milhão de brasileiros que deveriam ter tomado a segunda dose ainda não o fizeram. Essa taxa, chamada de abandono vacinal, acendeu o alerta sobre as falhas na estratégia de imunização contra a Covid-19 adotadas pelo governo brasileiro.
A decisão dos estados e municípios de não resevar vacinas para aplicação da segunda dose segue uma orientação dada pelo Ministério da Saúde há cerca mês. Ainda durante a sessão no Senado, entretanto, Queiroga anunciou que uma nova nota técnica sobre o assunto será emitida.
“Não tem dose para todo mundo”
Na Paraíba, a cobrança pela segunda dose da CoronaVac foi judicializada. Em atendimento a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público da Paraíba (MPPB), a Justiça Federal determinou a destinação de novos lotes da vacina para aplicação da segunda dose nos paraibanos.
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Queiroga criticou a ação. “Inclusive na minha cidade, em João Pessoa, se judicializou e se foi entregue essas doses de CoronaVac por judicialização. Só que se todos judicializarem não tem dose para todo mundo”, disse.
Esta semana o Brasil chegou ao patamar de 390 mil mortos pela Covid-19, dos quais mais de 195 mil faleceram somente neste ano. Aos senadores, o ministro atribuiu essa crescente à variante P1 do vírus, descoberta em Manaus.
Vacinação segue lenta
Durante a audiência o ministro foi cobrado pelos senadores quanto ao ritmo lento da imunização contra a Covid-19 no país. Até o momento, menos de 15% da população brasileira recebeu ao menos uma das doses da vacina contra a Covid-19.
O presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Carlos Siqueira, cobrou um cronograma efetivo de vacinação por parte do governo brasileiro. “Vacinar é a solução! Falhas no cronograma de imunização do governo federal e atraso na compra de vacinas são o motivo para governadores tomarem medidas até mais drásticas a fim de combater a pandemia”, escreveu nas redes sociais.
Outro ponto levantado pelos senadores durante a audiência foi a inclusão novos grupos na lista de prioritários para receber a imunização. O ministro se posicionou contrário a essa medida. Na avaliação dele, isso atrapalharia o cumprimento do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde. “Todos têm razão em querer ter a vacinação o mais rápido possível, mas, às vezes, isso atrapalha o nosso PNI”, falou.
O ministro também voltou a falar da diferença entre os números de doses distribuídas e as efetivamente aplicadas no país. De acordo com ele, há uma demora em cerca de 10 dias para que essas doses, uma vez entregues, sejam distribuídas para os municípios.
Com informações do G1, Agência Senado e Agência Brasil