Um relatório feito pelo governo dos Estados Unidos provocou nova tensão com a China. O documento afirma que três pesquisadores do Instituto de Virologia de Wuhan procuraram atendimento médico um mês antes dos primeiros casos de Covid-19 virem à tona. O governo chinês refutou como “documento falso”.
A China acusa os Estados Unidos de promoverem a teoria de que o coronavírus teria escapado por acidente de um laboratório de alta segurança de Wuhan. A questão voltou à tona depois que um suposto relatório produzido pela inteligência estadunidense afirmar que três pesquisadores procuraram serviço médico em novembro de 2019. A notícia foi dada pelo The Wall Street Journal.
China diz que informações são falsas
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, disse nesta segunda-feira que é “completamente falso” que três membros da equipe do instituto tenham ficado doentes no período citado, e sugeriu que as atividades de pesquisa no Forte Detrick, uma base militar americana no estado de Maryland, deveriam ser investigadas. A base abrigou, entre 1943 e 1969, o programa de armas biológicas dos EUA.
“Há suspeitas sobre as atividades no Forte Detrick e nos mais de 200 laboratórios de biologia dos Estados Unidos. Os Estados Unidos continuam a estimular a teoria de um vazamento de laboratório”, disse Zhao. “Mas os EUA de fato se preocupam em estudar a origem do vírus ou estão apenas tentando desviar a atenção? Esperamos que os departamentos americanos correspondentes façam os esclarecimentos devidos e deem ao mundo uma resposta clara.”
A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, não quis confirmar se o relatório citado pelo Wall Street Journal é verdadeiro.
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Relatório seria da gestão de Donald Trump
De acordo com o jornal o relatório teria sido produzido ainda no governo de Donald Trump. No documento haveria informações sobre o número de pesquisadores que adoeceram, o momento de suas doenças e suas visitas a médicos. O que pode reforçar os pedidos de uma investigação mais ampla sobre a origem da doença. Porém, o relatório, não teria confirmado se esses cientistas tiveram a Covid-19.
A agência Reuters ouviu fontes do governo dos Estados Unidos que confirmaram a existência do relatório. Alertam, porém, que não há provas de que o vírus teria se espalhado a partir do laboratório. As mesmas fontes afirmaram que nem sequer se sabe quais eram os sintomas dos cientistas que teriam ficado doentes ou se eles chegaram a ser hospitalizados.
As informações divergem em consistência na avaliação de funcionários do governo estadunidense. Enquanto alguns acreditam não haver indícios contundentes no relatório, outros o consideram forte.
Início da pandemia na China
Os primeiros casos da Covid-19 foram relatados em meados dezembro de 2019 em Wuhan. O laboratório citado no relatório é de segurança máxima e já realizou parcerias com cientistas de vários países, inclusive dos Estados Unidos.
Autoridades e cientistas chineses têm rejeitado a hipótese de que o vírus pudesse ter escapado do laboratório por acidente. A teoria começou a ser propagada por autoridades americanas no governo Trump.
Nesta semana, em sua assembleia anual, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deve deliberar sobre a próxima fase de sua investigação sobre as origens da Covid-19.
Com informações do O Globo