
Com Lucas Vasques
O Brasil, sob os desmandos de Jair Bolsonaro (sem partido), ultrapassou, nesta sexta-feira (8), a marca dramática de 600 mil mortes desde o início da pandemia da covid-19. É como se toda a população do estado de Roraima morresse em um ano e meio. Muitas destas mortes seriam evitáveis, não fosse a desastrosa condução do governo de Jair Bolsonaro ante a maior crise sanitária da história do país.
O consórcio de veículos de imprensa divulgou, no início da tarde, um boletim extra para informar que o número de vítimas fatais do coronavírus chegou a 600.077. Os casos confirmados são 21.893.752.
O epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Pedro Hallal, resumiu, em seu Twitter, o que representa a marca trágica alcançada pelo país: “600 mil pessoas morreram de covid-19 no Brasil. Destas, 480 mil estariam vivas se tivéssemos mortalidade igual à média mundial (…) Definitivamente, não era uma gripezinha.”
O acadêmico defende que o persistente negacionismo de Bolsonaro tem relação direta com o fato de o Brasil ser o segundo do mundo em total de óbitos causados pela covid oficialmente registrados. O país está atrás apenas dos Estados Unidos, que tem população 50% maior e soma 708 mil mortos. Hallal chegou a sofrer censura ao apresentar um estudo sobre o tema ao Ministério da Saúde.
Outro cientista, o biólogo e divulgador Atila Iamarino, também lamentou as centenas de milhares de mortes evitáveis. Além disso, pontuou o desastre da gestão de Bolsonaro em outros setores, como na Economia. Além de não preservar vidas, impõe sacrifícios extremos aos brasileiros.
“600 mil mortes registradas, redução em 2 anos da expectativa de vida em 2020, meio país em insegurança alimentar e 19 milhões passando fome… Mas qual o problema em seguir medidas sanitárias vindas do Ministério da Economia? Tem que ver pelo lado bom: quem tem dólar ganhou dinheiro”, disse, em referência direta ao ministro Paulo Guedes, que mantém reservas milionárias em paraíso fiscal.
O elevadíssimo número de óbitos é alcançado em um momento em que a pandemia está em desaceleração no país. No entanto, o fato não tira a responsabilidade do governo federal pela péssima condução das políticas de combate à propagação do vírus.
A comprovação é que o Brasil ainda é o terceiro país no mundo com a maior média diária de mortes, atrás apenas de Estados Unidos e Rússia.
O país também mantém a marca de ser o que mais registrou vítimas fatais do coronavírus em 2021 no mundo: até o momento, foram contabilizadas 405 mil mortes por covid-19 neste ano, mais do que Estados Unidos e Índia e quase o mesmo que todos os 27 países da União Europeia somados.
Socialistas se solidarizam com vítimas da covid
O líder da Oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), lamentou a trágica marca que o país atingiu nesta sexta. E criticou o posicionamento do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
O líder da Minoria, deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), destacou o papel fundamental de Bolsonaro no avanço da pandemia no país.
A deputada socialista Lídice da Mata (PSB-BA) também atribui a maior parte das mortes à gestão tenebrosa do atual chefe do Executivo.
A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) lembra que não se trata de números, mas de pessoas.
O deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP) afirma que a postura de Bolsonaro foi responsável pelo agravamento da pandemia.
O deputado Bira do Pindaré (PSB-MA) responsabiliza Bolsonaro por tantas mortes.
O deputado Aliel Machado (PSB-PR) observa a necessidade de continuar a luta contra o negacionismo e a favor da ciência.
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) lembra o tamanho do vazio deixado pelas pessoas que perderam a vida.
O deputado Gervásio Maia (PSB-PB) lembra a solidão e o vazio que a doença deixa.
O deputado socialista Rafael Motta (PSB-RN) lembrou a importância da vacinação.
A bancada do PSB na Câmara também lamentou as mortes.
Homenagem
A ONG Rio de Paz promoveu um ato em homenagem às vítimas da doença e em protesto à postura do governo Bolsonaro com relação à pandemia.
A entidade colocou 600 lenços brancos na praia de Copacabana simbolizando as vidas perdidas. O ato aconteceu pela manhã, na faixa de areia, em frente ao hotel Copacabana Palace.
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“Houve um morticínio no Brasil: 600 mil mortos pela covid-19. Se queremos tirar alguma lição dessa espantosa perda de vidas para que sofrimento como esse não se repita no nosso país, precisamos responder a uma pergunta central: quem são os responsáveis por esta tragédia?”, questiona o presidente da Rio de Paz, Antonio Carlos Costa.
“Três palavras sintetizam os erros cometidos pelo Governo Federal, principal responsável por estatística que nos põe no topo do número de óbitos no mundo: incompetência, irresponsabilidade e insensibilidade”, emenda.
Com informações do Brasil de Fato