Vem crescendo nos últimos dias dentro do PSDB a tese de que o governador paulista João Doria deve abandonar sua candidatura à Presidência da República. Estacionado nas pesquisas de intenção de voto com míseros 3% ou 4%, a avaliação especialmente de alguns caciques da legenda é de que o ocupante do Palácio dos Bandeirantes deve abrir mão da corrida ao Planalto para possibilitar que o partido adote outra estratégia até o pleito de outubro.
Qual seria essa estratégia, no entanto, é o que vem dividindo os tucanos. Para algumas lideranças, o PSDB deveria apoiar a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS), ao passo que para outras, o ideal seria engatar um apoio à candidatura do governador gaúcho Eduardo Leite, que pretende concorrer pelo PSD, forçando Doria a desistir de seu sonho.
Doria e Leite duelaram em longas e conflituosas prévias do PSDB pela indicação à candidatura presidencial. Embora o paulista tenha saído vitorioso da discutível disputa, o gaúcho, ao que parece, não desistiu de ver seu nome na urna no fim do ano e, por meio de grupos anti-Doria, tem alimentado uma campanha para desestabilizar o antigo colega de legenda.
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Uma reunião de lideranças do partido foi realizada na terça-feira (8) na casa do ex-ministro Pimenta da Veiga, em Brasília, onde discutiram formas de dissuadir Doria de se lançar ao Planalto. Participaram do encontro o ex-senador paulista José Aníbal, o deputado federal mineiro Aécio Neves e o senador cearense Tasso Jereissati, que já foi presidente do PSDB.
Leite teria expressado preocupação não só em relação às baixas intenções de voto do homólogo paulista, mas também à elevadíssima rejeição de Doria, até mesmo dentro do estado de São Paulo, o que poderia inclusive prejudicar o candidato tucano a governador, que pela vontade do atual mandatário estadual seria seu vice, Rodrigo Garcia.
“Mais que o baixo desempenho nas pesquisas, apesar da intensa exposição, especialmente pós-prévias, o que mais preocupa a estes líderes do partido é a altíssima e persistente rejeição que o candidato escolhido tem no seu próprio Estado, a 45 dias de deixar o mandato”, disse Eduardo Leite, em claro tom provocativo.
Por outro lado, o governador paulista contra-atacou seus colegas de sigla e disse que o movimento para tirá-lo da corrida ao Palácio do Planalto era uma “sabotagem” de “maus perdedores”, mas que ele resistiria pois é “hora de ter nervos de aço e sangue frio”.
Por Por Henrique Rodrigues na Revista Fórum