por Ricardo Mucci em 06/11/2018.
Participei tempos atrás de um estudo, denominado Criatividade Organizacional – recurso de alto nível para aprimorar o desempenho internacional das empresas da economia criativa, coordenado pelo Prof. Dr. Silvio Luís de Vasconcellos, da FURB – Universidade Regional de Blumenau, em Santa Catarina, cujas conclusões do Sumário Executivo compartilho com vocês em primeira mão. Objetivo do estudo é fazer uma avaliação do desempenho internacional das empresas brasileiras vinculadas à Economia Criativa, em especial do setor audiovisual e de software. Nada de novo. Constatou-se o que muita gente já sabe, mas insiste em não admitir: existe uma relação direta entre o nível de criatividade da empresa e sua performance no exterior. E outra conclusão importante do estudo foi que a competitividade de uma empresa no mercado internacional independe do porte, desde que seu produto ou serviço incorpore inovação, tornando tangível o seu diferencial competitivo.
Essencialmente, o estudo oferece informações relevantes sobre os diferentes papéis da criatividade como insumo para melhorar o desempenho das empresas nos mercados globais. Suas conclusões contribuem para a implementação de ações em diversas esferas, tanto nas empresas, quanto nas entidades de classe ou mesmo junto aos órgãos governamentais de apoio e fomento. Os indicadores da pesquisa também servem para estimular mudanças na formação profissional, valorizando a criatividade como ativo educacional.
Numa era povoada por startups, que emergem ou são canibalizadas diariamente pelo mercado, uma conclusão surpreendente do estudo foi que o porte da empresa não condiciona o seu desempenho no exterior, o que abre espaço para que as micro e pequenas empresas possam se internacionalizar mais rapidamente. Esse aspecto é importante pois a existência de um ecossistema de inovação é fundamental para que as empresas criativas prosperem e, na grande maioria dos casos, esses ambientes ainda são mais escassos no Brasil do que no exterior, ou seja: muitas vezes um produto ou serviço inovador tem mais chances de prosperar lá fora, onde o ambiente de inovação está consolidado, porém essa perspectiva exige um comprometimento mais efetivo do empreendedor, pois nesses ambientes a concorrência é bem maior.
O estudo também confirma teses mais antigas, que concluíram que não basta apenas estimular a criatividade. Ela precisa estar presente em todas as etapas do processo produtivo e mercadológico, pois trata-se de um combustível para o desenvolvimento de competências e diferenciais capazes de tornar a empresa mais competitiva nos mercados internacionais.
Esta pesquisa também serve para entidades setoriais e agentes públicos coordenarem os esforços de internacionalização, valendo-se da criatividade como ativo de inovação. As entidades representativas do setor têm condições de promover ações entre seus associados no intuito de estimular esse recurso e canalizá-lo para o desenvolvimento de capacidades que possam acelerar a inserção internacional, da indústria como um todo. Por seu turno, os agentes públicos podem agir em diferentes frentes, desde o ensino fundamental, em instituições técnicas ou em cursos superiores que formam mão de obra para o setor até a capacitação de empreendedores para explorar os mercados internacionais. Paralelamente, pode fomentar ações de integração das empresas do setor ao ambiente internacional para propiciar experiências criativas à organização, levando-se em conta que a cognição e a memória são elementos desencadeadores de criatividade no indivíduo.
Objetivo macro do trabalho é promover a utilização de inteligência estratégica na tomada de decisão das organizações inseridas na Economia Criativa, bem como favorecer a formulação de políticas públicas de incentivo e a aceleração da internacionalização, onde a criatividade se insere como elemento estruturante para competência de negócios internacionais.
Quemquiser conhecer melhor o Sumário Executivo do estudo citado é só fazer contato comigo pelo e-mail: [email protected].