
O Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) anunciou nesta quarta-feira (28) que abriu uma investigação para apurar a conduta do médico Sérgio Marcussi, acusado de fornecer atestado médico, mediante consulta, a quem não queria fazer uso das máscaras de proteção individual que se tornaram obrigatórios durante a pandemia. O equipamento de segurança é uma das principais medidas para impedir o contágio do coronavírus.
Em nota, o CRM-MG reforçou “as orientações das autoridades sanitárias de que, até o momento, as medidas reconhecidas para contenção da pandemia da Covid-19 são o uso de máscaras, higienização constante das mãos, evitar tocar a face e distanciamento social”.
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O corregedor do CRM-MG, Ricardo Hernane, informou que a investigação segue sob sigilo. No entanto, ele afirmou que a legislação determina o uso de máscaras como prevenção à Covid-19 e, qualquer outra medida contrária, para ser adotada precisa ser respaldada em estudos científicos.
O representante do Conselho informou ainda que o órgão investigará o procedimento do ponto de vista ético para ver se há irregularidades. “Não temos nenhum dado que contraindique o uso de máscaras. As políticas adotadas em todo mundo são do uso de máscaras e isolamento, o que seguimos na literatura e na própria Lei 13.979. A lei estabelece a obrigatoriedade e dá ao Estado o direito de normatizar o que que tem que ser feito”, pondera.
Não há exceções para a norma estabelecida na lei. “O médico tem autonomia, mas tem que estar fundamentado na literatura médica. Qualquer medida médica precisa ter embasamento técnico. Não posso criar medida da minha cabeça”, completa.
Entenda o caso do médico
Nas redes sociais, Sérgio Marcussi, publicou que estava distribuindo atestados para pessoas que não queriam usar o equipamento de proteção.
“Hoje já fiz 20 atestados desses. Vamos disseminado (sic)”, disse o homem no Twitter na segunda-feira (26).
Em outro post, ele afirmou que “Está (sic) é a solução para você se livrar da focinheira. Eu chama (sic) de cabresto também. Só não pode falar o nome (sic)”. Marcussi também apresentava um “passo a passo” para solicitação do atestado, listando os dados necessários. Um homem comentou “também quero” e ele respondeu “vai lá na clínica”.

De acordo com o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), Sérgio Marcussi é ginecologista, obstetra e nutrólogo. O consultório dele fica na Savassi, Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
No Instagram, o médico fez uma série de postagens elencando os motivos negacionistas para defender a recusa à máscara. “Se o meu paciente vir ao meu consultório e me disser que tem dor de cabeça, pânico, ansiedade, acne ou quaisquer outras [doenças] não cabe a mim, como médico, discutir a sensação do paciente. Se o paciente me diz que tem dor, eu tenho que acatar a dor do paciente”, afirmou em sua conta na rede social.
Marcussi parece ter adotado seus perfis para expor suas ideologias. Isso porque o médico vem defendendo em suas contas o uso de medicamentos sem comprovação científica de eficácia em casos da Covid-19, como a cloroquina e sua variada, a hidroxicloroquina.
Ele também se posiciona a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e já declarou voto ao candidato de direita Bruno Engler (PRTB), que concorre à Prefeitura de Belo Horizonte.
Neste caso em questão, Marcussi utilizou o Twitter para defender que até acnes seriam motivo para seus pacientes deixarem a máscara de lado. Ele citou uma postagem do deputado extremista Daniel Silveira (PSL-RJ), conhecido por destruir uma placa em homenagem a Marielle Franco, assassinada brutalmente em 2018. O deputado afirmou que foi abordado em um aeroporto por não utilizar a máscara, mas que respondeu dizendo que estava “respaldado pela lei” e chamou a máscara de “focinheira ideológica”.
Com informações do G1, Yahoo e Estado de Minas