
Pesquisa Datafolha divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo no fim deste domingo (27) apontou que a apreensão relacionada ao aumento dos preços e sobre a inflação segue crescendo no país sob a gestão de Jair Bolsonaro (sem partido), tendo atingido o maior patamar neste mês de dezembro. Para 72% dos entrevistados, a inflação vai aumentar.
Em agosto deste ano, esta era a impressão de 67% da população. Naquele mês, a inflação em 12 meses medida pelo IPCA estava em 2,44%. Em novembro, chegou a 4,31%. Já em dezembro de 2019, pouco mais da metade dos entrevistados (52%) fazia essa avaliação, apesar da disparada nos preços naquele mês, principalmente, por causa do aumento no custo das carnes. Na pesquisa de abril do ano passado, eram 45%.
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A parcela dos que esperam ver uma queda da inflação recuou de 17% em dezembro do ano passado para 11% em agosto deste ano e para 10% na pesquisa mais recente. Os demais entrevistados dizem que a inflação ficará como está.
O Datafolha ouviu 2.016 pessoas por telefone entre os dias 8 e 10 deste mês. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Pessimismo alinhado ao mercado
O pessimismo dos brasileiros sobre a economia está em linha com as projeções de mercado para os índices de preços durante o primeiro semestre de 2021. Também reflete um momento em que o custo de alimentos e insumos à produção registra novas altas, por causa de fatores como falta de produtos, aumento de exportações e repasse cambial.
A expectativa dos economistas consultados pelo Banco Central é que o IPCA, índice de preços ao consumidor que serve como meta de inflação, deva passar dos atuais 4,31% (registrados em novembro) em 12 meses para algo próximo de 6% até maio de 2021. Depois, espera-se um recuo ao longo do segundo semestre do próximo ano, para 3,34%. O Banco Central prevê inflação de 3,40% no final de 2021. O número está abaixo do centro da meta de 3,75%.
Alta generalizada dos preços
Outro indicador de inflação, o IGP-M, composto por preços no atacado, ao consumidor e da construção, está em patamar bem mais alto: subiu quase 25% nos últimos 12 meses.
Outra reportagem da Folha publicada no início de dezembro também indicou que os preços de insumos que servem de base para a cadeia produtiva brasileira registraram a maior alta desde o fim da hiperinflação e início do Plano Real. Segundo dados do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) até outubro, o aumento foi de 70%.
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Alimentos acumulam alta no IPA (índice de preços no atacado da FGV) de 25%, sendo que metade desse aumento já bateu no IPC (índice de preços ao consumidor da FGV). O arroz, produto cuja alta provocou até reação por parte do governo, subiu quase 120% no atacado e 62% no varejo, o que mostra o risco de continuidade desses repasses ao consumidor final.
Com informações da Folha de S. Paulo