
No momento em que o Brasil vive recorde de mortes por Covid-19, colapso no sistema de saúde na maioria dos estados e a terceira troca no Ministério da Saúde, o medo de contrair a doença e a percepção de que a pandemia está fora de controle atingem níveis recordes, segundo pesquisa do Datafolha.
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Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) segue criticando as medidas de isolamento e defendendo remédios sem eficácia comprovada, 79% dos brasileiros acham que a pandemia está sem controle e 55% declaram ter muito medo de se infectar pelo vírus. Em janeiro, eram 62% e 44%, respectivamente.
Apenas 2% acreditam que a pandemia está totalmente controlada e outros 18% acreditam que está parcialmente. Em relação ao medo de contrair a doença, 27% tem pouco medo, 12% não tem, e 7% relataram já ter contraído, o que, no entanto, não impede uma reinfecção.
O levantamento, com margem de erro de dois pontos percentuais, foi feito por telefone com 2.023 pessoas de todos os estados do país nos dias 15 e 16 de março.
Medo entre os jovens
Em meio às notícias sobre falta de leitos para pacientes em diversas partes do país, uma parcela maior dos segmentos de jovens de 16 a 24 anos declararam muito medo de se infectarem, em janeiro eram 34%, agora são 48%. Entre os ricos, que geralmente não buscam o sistema público de saúde, o medo também aumentou (passou de 41% para 55%).
Diz ter muito medo uma parcela expressiva das mulheres (61% ante 48% dos homens), dos mais velhos (58% da faixa etária com 45 anos ou mais) e moradores do Nordeste (61% contra 44% da região Sul).
Não por acaso, a percepção de que a pandemia está fora de controle é maior entre os que reprovam o governo Bolsonaro (94%) e entre os que não confiam nas suas declarações (93%). Nessa quinta-feira (18), o presidente voltou a defender chamado “tratamento inicial”, com remédios como a ivermectina, azitromicina e cloroquina, que não possuem comprovação científica contra a Covid-19.
Considerando-se religião, a parcela dos entrevistados que declaram ter muito medo de pegar Covid é maior entre católicos (61%) do que evangélicos (45%). O segundo grupo é a maior base de apoio do governo.
Com informações da Folha de S. Paulo