As últimas pesquisas do Datafolha colocaram o PSB numa posição de força nos dois maiores colégios eleitorais do Brasil . Em primeiro lugar no Rio de Janeiro com Marcelo Freixo a frente do candidato bolsonarista e governador Claudio Castro. E com Marcio França em segundo lugar em São Paulo.
Freixo vem numa trabalhosa e difícil ascensão contra as forças das milícias e do bolsonarismo que infestam o estado do Rio. Tem atrás de si uma trajetória de coerência e coragem que o credenciam como uma verdadeira representação da civilização contra a barbárie. Sua eventual eleição para governador certamente significará uma vitória da democracia contra o fascismo que tem no Rio uma de suas principais trincheiras. Como um candidato tipicamente de esquerda está, no entanto, liderando uma frente ampla de forças populares , culturais e até empresariais que se recusam a aceitar o obscurantismo autoritário como destino para o Brasil.
Marcio França , por sua vez, em São Paulo tem 20% das preferencias pelo Datafolha, com Fernando Haddad à frente com 29%. Contudo , cumpre um importante papel nas eleições paulistas e na disputa presidencial pois Lula sabe que São Paulo é dos seus principais desafios, mesmo com Geraldo Alckmin como seu vice. Lula sabe também que precisa tanto de Haddad pela esquerda como de Marcio pelo centro. Juntos ou separados formam a centro-esquerda de São Paulo. Haddad tem 34% de rejeição que eu não creio que seja à sua pessoa física , mas um resquício da resistência ao PT que ainda se verifica em São Paulo. E de alguma forma Haddad é mais PT que o próprio Lula, na medida em que o ex-presidente tem uma imagem mais ampla que seu partido.
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Já Marcio França desponta com uma rejeição de apenas 20% igual à sua aceitação, caso raro entre os candidatos atuais ao governo do estado. Isso depois de ter sido governador por oito anos e perdido duas eleições consecutivas ( governador e prefeito da capital paulista) e contar com uma alta taxa de conhecimento. A baixa rejeição de Marcio representa, sem dúvida, um diferencial competitivo muito relevante. São Paulo desenha, assim, um excelente panorama democrático com Marcio, Haddad e o candidato do PSTU , perfazendo juntos exatos 50% das preferencias eleitorais. A direita de Bolsonaro e Dória com menos de 20%. Isolada, portanto. Se a proposta de Marcio França no sentido de uma pesquisa em maio para definir as candidaturas do PSB e do PT ao governos do estado e ao senado, prevalecer, poderemos ter um palanque único para Lula em São Paulo. Estou certo de que se essa decisão recair sobre Marcio França para o Governo e Fernando Haddad para o Senado, a vitória de Lula em São Paulo será ainda mais forte.
A consagração de Geraldo Alckmin como vice presidente de Lula é também um fator de fortalecimento do PSB . Nosso partido, escolhido por Alckmin para viabilizá-lo como vice, criou um ambiente de confiança democrática capaz de acolher um social-democrata conhecendo as diferenças e semelhanças, mas consciente do serviço que está prestando não apenas ao candidato Lula, mas à democracia brasileira. O Rio de Janeiro e São Paulo certamente se juntarão a Pernambuco, ao Rio Grande do Sul, ao Maranhão, à Paraíba, ao Acre e ao Espirito Santo, para o fortalecimento de um partido que teve a coragem de realizar sua Autorreforma para melhor servir a transformação estrutural do Brasil.
Por Domingos Leonelli, ex-deputado federal e coordenador do site Socialismo Criativo