O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) confirmou que o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI) entrará para o governo no comando da Casa Civil. Em entrevista na manhã desta quinta-feira (22), ele defendeu o centrão, se disse orgulhoso do bloco e afirmou que é impossível governar sem esse apoio. Bem diferente do que defendeu aos eleitores, em 2018.
Durante a entrevista à Rádio Banda B, de Curitiba, o presidente tentou justificar a nomeação de Nogueira, que integra o centrão, para a Casa Civil em troca de mais apoio no parlamento.
“Eu sou do centrão, eu fui do PP metade do meu tempo, fui do PTB, fui do então PFL”, disse Bolsonaro.
“São pouco mais de 200 pessoas. Se você afastar esse partido de Centro, sobram 300 votos para mim. Se afasta cento e poucos parlamentares de esquerda, PT, PCdoB e PSDB, eu vou governar com um quinto da Câmara. Não tem como governar com um quinto da Câmara”, disse Bolsonaro.
Centrão no governo
O presidente ainda citou dois ministros do DEM, Tereza Cristina (Agricultura) e Onyx Lorenzoni (Cidadania), que são do centrão.
“O tal centrão, que eu chamo pejorativamente disso, são alguns partidos que lá atrás se uniram na campanha do Alckmin e ficou conhecido como algo pejorativo, algo danoso. Eu nasci de lá. A Teresa Cristina é de lá. O Onyx Lorenzoni é do Democratas. O Ciro Nogueira, que deve integrar o governo, é do PP”, justificou.
O presidente disse ainda que Ciro Nogueira “é a pessoa mais certa” para ocupar a Casa Civil.
“Da minha parte não tem problema nenhum – vou colocar com Ciro Nogueira na segunda-feira – de colocar para dentro do governo. É a pessoa mais certa, dada a vivência que ele tem, para conversar com deputados e senadores”, disse.
Oposição critica entrega do governo ao centrão
Para o líder da Minoria, deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), disse que espera novo momento de sinceridade.
Bolsonaro defende Ricardo Barros
Bolsonaro ainda fez a defesa do líder do governo, Ricardo Barros (PR), que está no centro das denúncias de corrupção no Ministério da Saúde que são investigadas pela CPI do Pandemia.
“É impressionante que ele tenha que recorrer à Justiça para ser ouvido na CPI. A honra dele é jogada na lama por pessoas que não têm qualquer credibilidade perante a opinião pública. A CPI tem o dever de ouvi-lo. Eu pergunto: por que deixá-lo sangrando sem resposta?”, indagou.
O presidente ainda afirmou que “até que se prove o contrário, o Ricardo Barros continua na liderança do governo”.
“Até o momento não tenho nada contra o Ricardo Barros. Tanto é que não afastei da liderança do governo. Eu não posso por denúncias afastar as pessoas. Tem que ter alguma materialidade. E até que se prove o contrário, o Ricardo Barros continua no governo”.
Ministério do Trabalho
Bolsonaro confirmou ainda a recriação do Ministério do Trabalho, que se chamará Ministério do Emprego e Previdência. O atual ministro da Secretaria Geral, Onyx Lorenzoni, será o titular deste novo ministério e o atual chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, assumirá seu lugar na Secretaria Geral.
“O general Ramos que está na Casa Civil continua sendo um ministro palaciano, vai para Secretaria Geral. E o Onyx, que eu chamo de coringa, ele vai para um novo ministério, que não vai ser aumentado o número de ministérios”, disse Bolsonaro.
“Como o Banco Central perdeu esse status há dois meses, restabelecemos 23 ministérios e vai ser o Ministério do Emprego e Previdência. Esse que é o quadro pintado aqui agora. Nenhuma mudança drástica no meu entender. Acho que melhora a interlocução com o parlamento”, justificou.
“Descompressão” para Guedes
Bolsonaro disse que o Ministério da Economia, que herdou a estrutura da antiga pasta do Trabalho, é enorme e exigiu muito esforço do ministro Paulo Guedes. Para o presidente, a mudança “dá uma certa descompressão” no ministro.
“Ele mesmo [Guedes] concordou com a tirada dessa parte que é o antigo Ministério do Trabalho e da Previdência para passar a esse novo ministério. Dá uma certa descompressão no Paulo Guedes e deixa o Onyx Lorenzoni tratar dessa questão importantíssima que precisamos sim, além de recuperar empregos, é buscar mais alternativas para atender os desassistidos”, declarou o presidente.
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Com informações da Revista Fórum e G1