Por Ivan Longo
O Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, está em crise. Nesta quinta-feira (21), a pasta sofreu uma debandada com pedidos de demissão de 4 secretários: Bruno Funchal, secretário especial de Tesouro e Orçamento; Gildenora Batista Dantas Milhomem, secretária especial adjunta de Tesouro e Orçamento; Jeferson Bittencourt, secretário do Tesouro Nacional; e Rafael Araújo, secretário-adjunto do Tesouro Nacional.
Em nota, o Ministério informou que os secretários alegaram “razões pessoais” para os pedidos de demissão. Os substitutos ainda não foram anunciados.
Apesar do motivo real da debandada não ter sido explicitado pela pasta, nos bastidores especula-se que as demissões estejam ligadas à discordância dos secretários com as intenções de Guedes e Jair Bolsonaro de furar o teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil, programa do governo que visa substituir o Bolsa Família e que, claramente, tem por objetivo real alavancar a candidatura de Bolsonaro à reeleição no próximo ano.
Bolsonaro nega, mas Guedes pede “licença” para furar o teto
Bolsonaro voltou a falar nesta quinta-feira (21) que o Auxílio Brasil, cujo valor será de R$ 400, não vai furar o teto de gastos.
“O que nós decidimos? Passar todos para no mínimo 400 reais. Isso tudo com responsabilidade. Ninguém está furando o teto (de gastos)”, declarou o presidente durante evento em São João de Piranhas (PB), para inaugurar trecho da transposição do Rio de São Francisco.
Esta é a segunda declaração do presidente sobre o teto de gastos em menos de 24h. Isso se deu pelo fato de que, nesta quarta-feira (20), Paulo Guedes declarou que terá de “pedir licença” para gastar R$ 30 bilhões fora do teto de gastos, regra que limita os gastos ligados à inflação.
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“Seria uma antecipação da revisão do teto de gastos que está (prevista) para 2026 ou se, ao contrário, mantém o teto, mas por outro lado pede um ‘waiver’, pede uma licença para gastar essa camada temporária de proteção”, disse Guedes durante evento com o setor da construção civil.
A declaração de Paulo Guedes fez com que o dólar fosse comercializado em R$ 5,67 e que a Ibovespa operasse em queda de mais de 2% nesta quarta.
Estes dois indicadores teriam levado o presidente Bolsonaro voltar a defender o teto de gastos para “acalmar” o mercado financeiro.