
Já imaginou o presidente ultrarreacionário Jair Bolsonaro (PL) de short vermelho, sem camisa e dançando o funk “Vai dar PT”, do Mc Rahell, ou “fantasiado” de Paola Bracho, da novela mexicana A Usurpadora? Ou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reclamando do preço da “paçoquinha”? Ambos os vídeos viralizaram nas redes sociais, como o Twitter, mas nenhum deles são reais.
A prática, chamada de “deepfake“, é uma tecnologia que usa inteligência artificial para criar vídeos falsos, mas realistas, do rosto de pessoas em corpos de outras. Nesta semana, a cantora Anitta foi mais uma das vítimas da tecnologia, após ter seu rosto inserido em um vídeo pornográfico.
— Bruno Sartori (@brunnosarttori) July 13, 2022
Conhecida no universo do TikTok, a prática geralmente é feita com famosos começou a ser utilizada também com os candidatados as eleições presidenciais. A nova tecnologia já era aplicada no cinema, mas se popularizou em 2018 por aplicativos, que podem ser baixados no próprio celular e são de fácil acesso.
Entretanto, o uso de deep fakes nas redes sociais é cada vez mais difundido e se popularizou com uma profusão de vídeos falsos de celebridades, além de ser usado largamente no mercado pornográfico — em especial no que é conhecido como pornografia de vingança ou na inserção do rosto de famosos.
Em época de eleições, a tecnologia aumenta as preocupações por serem facilmente usados para produzir conteúdos que buscam desinformar: as fake news. No âmbito político, já circulou uma deepfake de Donald Trump explicando como os algoritmos o ajudaram a ser eleito presidente dos Estados Unidos.
Esse vídeo pode passar como real pra muita gente. Usei deepfake pra inserir o rosto de Lula e transferir o timbre de voz dele pra fala original: é um computador falando. Precisamos ficar alerta neste ano eleitoral, pois, conteúdos com intuito de enganar podem aparecer. pic.twitter.com/4XhYl3mN2f
— Bruno Sartori (@brunnosarttori) February 24, 2022
Como são feitas as deepfakes?
Para criar deepfakes é usada uma série de softwares baseados em bibliotecas de código abertas voltadas ao aprendizado de máquina.
A técnica é baseada em deep learning, uma subclassificação de IA para definir algoritmos que podem reconhecer padrões com base em um banco de dados. Ou seja, para criar um vídeo de deepfake de determinada personalidade, o sistema precisa ser alimentado com fotos e vídeos em que ela aparece.
Treinada com base no conteúdo fornecido, a IA aprende como a pessoa se comporta, passando a reconhecer padrões de movimento, traços do rosto, da voz e outras características.
Com isso, o sistema usa uma técnica chamada rede contraditória para reproduzir os movimentos e a fala como se estivessem sendo realizados pela pessoa que será o alvo do vídeo.
Fake news mundial e combate no Brasil
De vídeos em que o ex-presidente Barack Obama faz um pronunciamento até imagens em que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky faz um discurso anunciando rendição às tropas da Rússia, as deepfakes colaboram com as notícias tendenciosas.
De acordo com estudo divulgado pela Kaspersky, empresa de segurança digital, cerca de três em cada cinco brasileiros nem mesmo conhecem esse conceito de manipulação visual.
Segundo o estudo, essa taxa de desconhecimento de 65% pode abrir as portas para as fraudes.
Existe também um alto índice de dúvida mesmo entre aqueles que sabem o que são os deepfakes, com 71% dos entrevistados admitindo não reconhecer quando um vídeo foi editado com o uso da técnica.
Como fugir das informações eleitorais falsas?
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) oferece diversas ferramentas e páginas virtuais que permitem a qualquer cidadão ficar por dentro de como funciona o sistema eletrônico de votação e se prevenir contra a disseminação de notícias falsas e desinformação durante as eleições de 2022. Apesar disso, nenhuma das ações combatem a reprodução de deepfakes.
Segundo o TSE, o aumento significativo do uso das redes sociais, com a propagação de informações sem checagem nos canais digitais, fez crescer de forma preocupante o número de notícias que não têm compromisso com a verdade e induzem interpretações errôneas.
Por isso, foi desenvolvido junto ao WhatsApp um chatbot (assistente virtual). A ferramenta foi criada para promover o acesso a informações sobre o processo eleitoral, bem como fornecer dados dos Portais do TSE e dos TREs, de forma gratuita.
Para ter acesso ao chatbot é simples: basta adicionar o telefone +55 61 9637-1078 à sua lista de contatos do WhatsApp.
Com informações do UOL e Canaltech