Vicente Santini, o assessor que foi afastado e recontratado em diferentes funções após ser demitido por fazer uso ilegal de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em 2020 durante as férias à Europa, está no centro de uma nova disputa travada com o antes todo-poderoso do governo, o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Recém-alçado ao posto de secretário-executivo do novo titular da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, Santini voltou com força total ao governo, ocupando o segundo posto na hierarquia da pasta. Já na primeira investida, mirou o comando do Programa de Parceria Público-Privada (PPI), hoje sob as asas de Guedes. De acordo com dados da própria pasta, o projeto movimentou mais de R$ 740 bilhões em investimentos em 2020.
O vai e vem de Santini
Santini tem um longo (e controverso) histórico no governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Demitido da Casa Civil em janeiro de 2020, foi readmitido no mesmo órgão como assessor especial de relacionamento externo do ministério por pressão dos filhos de Bolsonaro. Amigo de infância do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), a volta do secretário-executivo – com um salário maior que o seu anterior – gerou mal estar na base de apoio do governo, que precisou demiti-lo novamente no dia seguinte.
Em setembro do mesmo ano, no entanto, Santini ganhou um novo cargo no ministério do Meio Ambiente, com um salário de R$ 13.623,39, desta vez para assessorar o o chefe da pasta, Ricardo Salles. Sem nunca de fato ter deixado o Planalto, o advogado foi convidado no início deste mês para ser o secretário-executivo de Lorenzoni.
Com acesso direto ao presidente, Santini prova, mais um vez, que Bolsonaro de fato não esquece seus afetos. E que, acima de tudo, o presidente honra a mamata, que jurou ter acabado em seu governo.