Com Plinio Teodoro
A inflação, que acumula alta de 8,99% nos últimos 12 meses, e os quase 15 milhões de desempregados na crise econômica que avança sobre o Brasil entraram definitivamente na pauta eleitoreira de Jair Bolsonaro (Sem partido), que vê a rejeição subir na mesma proporção dos ajustes de preços de ítens básicos, como a gasolina e o gás de cozinha.
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Após culpar Dilma Rousseff (PT) pelos aumentos consecutivos da gasolina, frutos da paridade preço com o mercado internacional, Bolsonaro culpou governadores e a mídia pelo disparo da inflação.
“Sabemos que a inflação está batendo na porta de vocês. Mas, lá atrás, grande parte dos governadores e da nossa mídia querida disseram que deveríamos respeitar aquela máxima: ‘fique em casa que a economia a gente vê depois’. A economia está batendo na porta de todos nós agora”, disse Bolsonaro durante discurso em Manaus, onde entregou moradias.
Na declaração, o presidente voltou a mentir, dizendo que foi “alijado” das decisões sobre a pandemia, e voltou a se autocreditar a criação do auxílio emergencial, uma decisão tomada pelo Congresso Nacional.
“Hoje muitos reclamam do preço do botijão de gás, na casa dos R$ 130. Realmente, é um absurdo. Mas, dizer a vocês que o botijão de gás custa na origem R$ 45 e o governo federal simplesmente zerou o imposto federal para o gás de cozinha”, emendou Bolsonaro, ignorando o fato do gás ser uma commodity e a promessa de campanha, quando Paulo Guedes prometeu que o preço do botijão de gás chegaria a R$ 35.
Perda do poder de compra do brasileiro
A perda do poder de compra do brasileiro é real. O mês de Julho chegou ao fim, com um acréscimo de 0,96% na inflação, atingindo 8,99% nos últimos 12 meses, o que tornou cada vez mais difícil o sustento básico da população mais pobre. Em julho, o valor da cesta básica na capital paulista para uma família de quatro pessoas quase empatou com o salário mínimo.
Levantamento mensal feito pelo Núcleo de Inteligência e Pesquisas do Procon-SP em convênio com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que em julho o custo da cesta básica paulistana chegou a R$ 1.064,79. A alta foi de 0,44% em relação a junho, de 5,65% no ano e de 22,18% em 12 meses. Em 12 meses até julho, a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 8,99%.