A maneira pouco habilidosa e cada vez mais desesperada como se comporta a gestão do presidente Jair Bolsonaro, principalmente em relação à economia e política, pode ser visto na recente substituição na presidência da Petrobras: Joaquim Silva e Luna fica no cargo até o mês que vem, quando assumirá Adriano Pires.
Depois de uma “enorme alta” nos preços dos combustíveis, Silva e Luna, que é general da reserva, foi demitido da presidência da Petrobras na segunda-feira (28/3), então o governo federal oficializou a indicação do economista Adriano José Pires Rodrigues, especialista do setor de óleo e gás, para suceder o militar.
De saída do cargo, o general criticou a atitude de Bolsonaro, a quem acusou de tentar fazer política pública e partidária com os preços dos combustíveis. Nessa terça-feira (29), durante palestra sobre a Petrobras em seminário promovido pelo Superior Tribunal Militar (STM), Silva e Luna falou com jornalistas e acrescentou que a reputação da empresa “pode estar sendo arranhada”.
“Tem responsabilidade social? Tem. Pode fazer políticas públicas? Não. Políticas partidárias, menos ainda”, afirmou o general ao se referir à Petrobras durante o evento na Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados da Justiça Militar da União (Enajum), em Brasília.
A presidência da República não explicou oficialmente por que Silva e Luna vai sair do cargo, mas os movimentos tomados adotados por Bolsonaro demonstram que ele pretende, mais uma vez, utilizar a máquina governamental para tentar melhorar sua imagem perante a população.
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Nos últimos meses, Bolsonaro vem manifestando insatisfação com a posição da estatal de repassar, para o combustível vendido nas refinarias, os sucessivos aumentos no preço internacional do petróleo. Em ano eleitoral e com a popularidade em queda, a preocupação do presidente é que a Petrobras segure os preços, mesmo com a disparada do petróleo no mundo todo, causada pela pandemia e pela guerra da Ucrânia.
Um lobo no galinheiro
Para completar a “jogada de mestre” do governo extremista, Adriano Pires é diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), que presta serviços para empresas e associações de petróleo e gás. Com histórico de grande defensor dos interesses das petroleiras estrangeiras, atuando como lobista junto à Petrobrás e outros órgãos governamentais e até no Congresso Nacional.
Em artigo publicado no site Poder 360, Adriano Pires defendeu a privatização da estatal como solução para os preços dos combustíveis. “A solução definitiva só virá com a privatização da Petrobras. Enquanto a empresa for de economia mista, tendo o Estado como controlador, os seus benefícios corporativos e as práticas monopolistas serão mantidos –a favor da corporação e, muitas das vezes, contra os interesses do Brasil”, afirmou.
Nesta terça-feira (29), o ex-presidente Lula participou de encontro com petroleiros no Rio de Janeiro e fez críticas ao novo presidente da Petrobras.
“E que ele é muito mais ligado a empresas estrangeiras que as nossas. De que ele faz parte de um grupo seleto de personalidades brasileiras que não aceita o discurso que o petróleo é nosso. E essa gente que não sabe governar, em vez de ter criatividade para vender algo que não existe, eles querem vender o que tem. Vão vender o que tem e quando acabar a gente vê o que fazer”, afirmou Lula.
Tá escrito desgonverno no título