‘Entender as mazelas sociais é um dos maiores desafios para redução do fracasso escolar’, afirma Ítalo Dutra, chefe de Educação do Unicef no Brasil. O órgão das Nações Unidas divulgou na quinta-feira (28), o relatório “Enfrentamento da cultura do fracasso escolar”, que aponta evasão escolar de 5 milhões de estudantes durante a pandemia de Covid-19 no Brasil.
Além do indicador abandono escolar, o estudo também trabalha com dados sobre reprovação, e distorção idade-série. Em entrevista ao Socialismo Criativo, Ítalo Dutra conta que os dados confirmaram o Brasil como um dos países mais desiguais do mundo.
“Esperamos uma maior compreensão sobre esses dados para dar um olhar mais específico para algumas populações e determinadas regiões geográficas, para aquelas crianças e adolescentes de famílias de nível sócio econômico mais baixo”, afirmou.
Ainda segundo o relatório, que contou com parceria do Instituto Claro, o perfil das crianças e adolescentes mais impactados pelo “fracasso escolar” se concentram nas regiões Norte e Nordeste, em estudantes negros, indígenas ou com deficiências.
“Precisamos enfrentar essas desigualdades estruturais e de modelos pedagógicos menos excludentes. Em especial, olhando para os resultados do estudo: educação antirracista e enfrentamento das diversas violências”, destaca Ítalo Dutra que defende integrar ao currículo escolar, competências como empatia e solidariedade.
Soluções para a educação, segundo o Unicef
O estudo aponta ainda, o que pode ser feito para reverter esse quadro durante e depois da pandemia da Covid-19: garantir insumos aos professores e mudar práticas pedagógicas são algumas das saídas propostas pelo Unicef.
“É preciso incluir a escuta, o engajamento e a participação de adolescente no processo educacional, e construir um currículo que de fato seja mais adequado às necessidades de aprendizagem do mundo de hoje”, conclui Ítalo.
Em 2020, a quantidade de alunos, com idades entre 6 e 17 anos, que abandonaram as instituições de ensino foi de 1,38 milhão, o que representa 3,8% dos estudantes. A taxa é superior à média nacional de 2019, quando ficou em 2%, segundo dados da Pnad Contínua.
Somado a isso está a situação de 4,12 milhões de alunos (11,2%) que, apesar de matriculados e sem estar em período de férias, não receberam nenhuma atividade escolar, resultado do ensino pautado pelas aulas online.