
A recessão econômica fez com que pais optassem por migrar filhos e filhas da rede privada para as escolas públicas. As dificuldades financeiras, consequência gerada, principalmente, pela crise sanitária da covid-19, abalou as estruturas de algumas famílias brasileiras e a educação não ficou de fora.
Em entrevista para o jornal O Globo, o avô de uma garota de 10 anos, aluna no Rio de Janeiro, revelou ter precisado tirar sua neta da escola particular, onde estudou até 2020. Ela contou ter tomado essa decisão, pois precisou fechar o seu comércio e arcar com a mensalidade da escola já não era mais possível. “Não queríamos tirá-la do ensino privado. A mãe dela ainda tentou negociar, mas a escola ofereceu condições que não estavam ao nosso alcance”, comenta.
Migração para escolas públicas ocorre em vários estados
Este caso não seria o único, nem um dos poucos, pois, somente no Rio de Janeiro, segundo o levantamento, quase 50 mil alunos não renovaram a matrícula na rede privada, gerando uma média de 30% a mais da população carioca em escolas públicas nos últimos cinco anos, entrando em disputa com os estudantes da rede municipal e estadual por conta desta migração.
Só no Paraná o fenômeno já atingiu 7.763 estudantes nos últimos dois meses, de acordo com a secretaria de educação do estado.
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Apesar do movimento, o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Curitiba (Sinepe/PR) avalia que o volume da migração não é significativo diante dos cerca de 480.000 alunos da rede privada do estado.
“A gente está trabalhando para não perder estudantes. A nossa filosofia é o diálogo com a família, chamar para perto, não só dando ajuda financeira ou desconto”, explica Esther Pereira, presidente da entidade.
“Está pegando o lado emocional neste momento, os pais estão sofrendo muito, perdendo emprego, renda”. Esther Pereira
Em São Paulo, o secretário municipal de educação Bruno Caetano admitiu que já começou a ocorrer uma migração de alunos da rede particular para a pública.
Cenário nacional ainda é desconhecido
Em nível nacional, o cenário ainda é desconhecido, já que muitos estados ainda estão coletando os dados de entrada de estudantes na rede pública.
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De acordo com dados do Censo Escolar 2020, o Brasil conta com mais de 180 mil escolas e, destas, 42 mil são instituições particulares e as mensalidades do ensino infantil variam de R$ 295,60, em Alagoas, a R$ 906,89, no Distrito Federal.
Já o ensino fundamental tem uma variação entre R$ 309,18, também em Alagoas, e 975,77, também na capital federal. R$ 1251,88 é o valor médio das mensalidades do ensino médio no Distrito Federal e, em Alagoas, as mensalidades giram em torno de R$ 486,35, segundo dados do Censo Escolar 2020.
Com informações do jornal O Globo, Notícia Preta e Folha de S. Paulo