
O partido de direita radical Alternativa para a Alemanha, conhecido pela sigla AfD, demitiu na última segunda (28) seu ex-porta-voz, Christian Lüth, por declarações em que ele sugere mandar imigrantes para a câmara de gás.
As declarações foram filmadas sem que ele soubesse, em fevereiro deste ano. Lüth, na época ainda porta-voz do grupo parlamentar, conversava em um bar em Berlim com uma youtuber que queria contratar. No encontro, ele afirmou ser a favor da entrada de imigrantes no país “porque ficaria melhor para a AfD”.
“Quanto pior a Alemanha estiver, melhor para a AfD. Depois podemos fuzilar todos eles. Ou mandá-los para a câmara de gás, ou o que você quiser. Eu não me importo!”, afirmou o ex-assessor do partido, segundo vários veículos da mídia alemã. Ainda que ele não tivesse mais o cargo, ainda era contratado do partido.
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O canal de TV ProSieben, que gravou a conversa para um documentário sobre políticos de direita, disse que, por razões legais, não poderia confirmar o nome de Lüth. O programa iria ao ar nesta semana. Em abril, Lüth já havia sido dispensado do cargo de porta-voz do partido após relatos de que teria se descrito como “fascista” e de “ascendência ariana”.
“Declarações inaceitáveis” contra imigrantes
Ao anunciar a demissão, o líder da bancada parlamentar da AfD, Alexander Gauland, disse que as declarações atribuídas a Lüth eram “completamente inaceitáveis e de forma alguma relacionadas aos objetivos e políticas da AfD e do grupo parlamentar da AfD no Parlamento alemão”.
O próprio Gauland, no entanto, já havia dito em entrevista à revista Der Spiegel em 2015 que o partido de direita radical “devia seu ressurgimento principalmente à crise dos refugiados”.
A AfD, principal partido de oposição ao governo da chanceler Angela Merkel, tem visto sua popularidade cair e enfrentado disputas internas entre sua facção mais moderada e a mais radical, o grupo Flügel (asa). Com 7.500 apoiadores, o Flügel passou a ser considerado pelas autoridades de segurança alemãs como de extrema direita e tem ligações com movimentos neonazistas. Recentemente a polícia decidiu colocá-lo sob vigilância.
Lüth, 44, ingressou na AfD em 2013 e ocupou o cargo de porta-voz do grupo parlamentar desde que o partido ingressou no equivalente à Câmara dos Deputados, em 2017.
“Isso é veneno para nosso país e me deixa doente”, disse à AFP Katja Mast, vice-presidente do grupo parlamentar do partido social-democrata (SPD, na sigla alemã), partido ao qual Lüth era ligado antes de se unir ao AfD.
Com informações da Folha de S. Paulo e da Deutsche Welle Brasil