
A diretora-técnica da empresa Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, contradisse o governo durante depoimento à CPI da Pandemia do Senado, nesta quarta-feira (14), sobre a data da nota de compras da vacina indiana Covaxin. Antes, ela havia negado a proposta inicial de US$ 10 por dose do imunizante e disse que a memória da reunião, apresentada pelo Ministério da Saúde é “mentirosa”.
Emanuela Medrades disse que a primeira nota foi emitida em 22 de março. Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco e os depoentes Luis Ricardo Miranda, servidor da pasta, e William Santana, terceirizado no ministério, afirmaram que a data seria de 18 e 19 de março.
Segundo ela, todos se “confundiram” ao informar a data de envio pela empresa ao ministério da primeira “invoice” [espécie de recibo com informações básicas da compra] referente à aquisição da vacina indiana Covaxin.
Data da nota é importante
A data do documento é considerada importante porque o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, Luis Ricardo Miranda, servidor da Saúde, disseram à CPI ter relatado ao presidente Jair Bolsonaro, em 20 de março, no Palácio da Alvorada, possíveis irregularidades nas tratativas para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin.
A negociação custaria ao governo mais de R$ 1,6 bilhão. Bolsonaro é investigado por suposta prevaricação nesse episódio. Em razão das suspeitas, o governo suspendeu o contrato.
A data do documento é considerada importante porque o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, Luis Ricardo Miranda, servidor da Saúde, disseram à CPI ter relatado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em 20 de março, no Palácio da Alvorada, possíveis irregularidades nas tratativas para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin.
A negociação custaria ao governo mais de R$ 1,6 bilhão. Bolsonaro é investigado por suposta prevaricação nesse episódio. Em razão das suspeitas, o governo suspendeu o contrato.
Contradições ou mentiras
“A primeira invoice foi enviada para o ministério no dia 22, conforme todas as provas que a gente já colocou aqui”, afirmou Emanuela.
Diante da afirmação, a senador Simone Tebet (MDB-MS), indagou: “Então todo mundo está mentindo?”
A diretora da Precisa respondeu: “Eles se equivocaram, provavelmente.
“O secretário se confundiu, o ministro Onyx se confundiu, o William se confundiu, menos a senhora”, retrucou Simone Tebet.
“Se confundiram. A prova técnica mostra que sim”, afirmou Emanuela, referindo-se a uma perícia contratada pela Precisa.
Mais mentiras
Na sequência, Emanuela Medrades foi além e acusou William Santana de mentir à CPI. “O que eu estou dizendo é que o William veio aqui e mentiu para os senhores. Quem veio aqui e disse que recebeu antes [do dia 22 de março] mentiu”, declarou Emanuela.
Quem mentiu?
Em uma audiência no Senado, no dia 23 de março, Emanuela Medrades falou sobre a documentação entregue para análise pelo governo.
“Na quinta-feira passada, nós fizemos o pedido, encaminhamos as ‘invoices’ e alguns documentos. Temos alguns documentos para serem retransmitidos ao pessoal do Dimp [Divisão de Importação do Ministério da Saúde]. Estão todos supersolícitos, atendendo-nos de uma forma, pensando realmente na urgência que o assunto demanda”, disse a diretora na oportunidade.
A quinta-feira anterior à audiência foi 18 de março, ou seja, confere com a data informada por Luis Ricardo Miranda e William Santana.
Mais contradições
Documento enviado pelo ministério à CPI mostra que, em reunião no dia 20 de novembro, a Covaxin foi oferecida por US$ 10 a dose. A diretora negou, diversas vezes, que essa proposta tenha sido feita. “Não houve nenhuma oferta por U$$ 10 a dose”, afirmou.
No contrato assinado em fevereiro e intermediado pela Precisa, o Ministério da Saúde concordou em pagar US$ 15 por dose da Covaxin. As doses nunca foram entregues, nada foi pago e o contrato foi suspenso em junho após denúncias de irregularidades nessa contratação.
“A memória de reunião é mentirosa?”, questionou Renan Calheiros.
“Sim, senador, é mentirosa”, afirmou Emanuela. Em respostas posteriores, a diretora da Precisa evitou repetir a palavra, e passou a chamar a memória da reunião de “equivocada”.
Flávio Bolsonaro dá novo show de grosseria
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) ameaçou invocar o Conselho de Ética após comentário do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).
A discussão começou após Simone questionar a fala de Emanuela sobre a previsão de pagamento antecipado pelas vacinas da Covaxin. Segundo a senadora, o acordo é ilegal “porque foi assinado anteriormente à lei sancionada pelo presidente da República”.
Leia também: Entrega da Covaxin foi alterada por conta de seguro, disse Emanuela à CPI
Flávio Bolsonaro diz que Tebet está “mentindo”. Os microfones são desligados, mas as grosserias bolsonaristas não param. E Tebet diz que está ficando surda do lado direito e esquerdo, onde sentam Flávio Bolsonaro e o senador Fernando Bezerra (MDB-PE).
O filho do presidente faz um comentário inaudível e, em seguida, Tebet pede que o senador a respeite. “Senhor presidente, peço a palavra de ordem, vou invocar o Conselho de Ética se ele repetir o que me disse agora”. Flávio diz que Tebet está tentando induzir a depoente e ela rebate: “No microfone, ele não tem coragem de dizer o que me disse agora”, rebateu a senadora.
Com informações do G1, Uol